À beira da falência, o grupo Brasil BioFuels (BBF) volta ao centro de graves denúncias. Agricultores no Pará acusam a empresa de praticar estelionatos contratuais, por meio de arrendamentos múltiplos em áreas já cedidas a posseiros legítimos, muitas delas dadas como garantia a credores na tentativa de reduzir o passivo da companhia. O Antagônico tenta contato com a empresa. O espaço segue aberto para manifestação. As acusações recaem sobre um advogado da empresa, apontado como articulador das supostas irregularidades.
Segundo relatos, os contratos impostos aos produtores funcionaram como verdadeiras armadilhas: os agricultores eram obrigados a plantar e comercializar toda a produção exclusivamente com a BBF, mas não recebiam os pagamentos devidos. O resultado foi devastador: muitos investiram recursos próprios, acumularam dívidas e hoje relatam viver sob perseguições, ameaças e insegurança no campo. A crise, afirmam especialistas, não se restringe às relações privadas. Há denúncias de uso indevido da máquina pública para sustentar acusações infundadas contra os arrendatários, numa tentativa de criminalizá-los e enfraquecer sua resistência.
Na avaliação de juristas e entidades ligadas ao setor agrícola, as práticas atribuídas à BBF configuram não apenas descumprimento contratual, mas também fraude, abuso de poder e afronta à ordem pública e à dignidade de famílias que dependem da terra para sobreviver. Com um passivo bilionário e operações questionadas, a companhia enfrenta não apenas o risco de colapso financeiro, mas também a perda acelerada de credibilidade no mercado e no campo.