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Julgamento

Manaus. A Base Flutuante da PM. O Assassinato da Policial. O Julgamento dos Acusados

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O julgamento dos cinco acusados de envolvimento no homicídio da policial militar Deusiane da Silva Pinheiro iniciou nesta segunda-feira (29) em Manaus, no Fórum Ministro Enoch Reis. A sessão acontece cerca de dez anos após o crime. Deusiane foi morta com um tiro no dia 1º de abril de 2015, dentro da base flutuante do Batalhão Ambiental da Polícia Militar, no bairro Tarumã, Zona Oeste da capital.

Segundo o Ministério Público, a vítima mantinha um relacionamento amoroso “conturbado” com o então cabo da polícia militar Elson dos Santos Brito, apontado como executor. Além de Elson, também serão julgados nesta segunda-feira os policiais Jairo Oliveira Gomes, Cosme Moura Souza, Narcízio Guimarães Neto e Júlio Henrique da Silva Gama. Eles respondem por falso testemunho e tentativa de acobertar o crime. A versão apresentada por eles é que Deusiane teria se matado, mas segundo a assistente de acusação, há provas forjadas.

Por volta das 10h, familiares de Deusiane fizeram um ato na frente do fórum onde ocorre o julgamento com cartazes pedindo por justiça. Antônia Assunção é mãe da policial militar assassinada. Tomada por uma mistura de alívio e revolta, ela diz acreditar que a justiça será feita, mas criticou a onda de violência contra mulheres.

“Uma década esperando a justiça. Nós estamos no século XXI, onde dizem que as mulheres têm todo direito. Que direito é esse? Que esses direitos são violados, né? Quase todos os dias, não só pela memória da minha filha, mas para tantas mulheres que são assassinadas.”

O caso – Conforme a denúncia do Ministério Público, Elson e Deusiane teriam terminado a relação. O suspeito havia reatado sua relação com uma ex-companheira, no entanto desejava manter a relação com a vítima ao mesmo tempo. A denúncia assinada pelo promotor Edinaldo Aquino Medeiros, Deusiane e a ex do policial chegaram, inclusive, a se encontrar e foram às vias de fato.

No dia do crime, o PM e Deusiane estavam no piso superior da base “Peixe-Boi”. Outros quatro policiais estavam no piso inferior da embarcação. Em depoimento, eles confirmaram que ouviram barulhos no piso superior seguido de disparo de arma de fogo, e que imediatamente subiram a escada e encontraram o Elson e Deusiane, que estava ferida no chão.

A versão de suicídio apresentada pelo denunciado “foi corroborada pelos depoimentos dos demais denunciados, ao afirmarem que encontraram Deusiane ferida deitada no solo e com a arma ao seu lado”.

No entanto, conforme denúncia do promotor Medeiros, o laudo de exame em armas e munições apontou que o armamento que vitimou Deusiane teve o ferrolho alterado.

Apesar de a principal versão do crime apontar um relacionamento conturbado entre Deusiane e o policial militar, a mãe da vítima, Antônia Assunção, contesta a defesa dos agentes. Ela acredita que a filha tenha sido vítima de um plano dos policiais por não concordar com certas atitudes políticas. Ela foi ouvida pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em 11 de abril deste ano, e pediu que o caso fosse levado à Justiça Federal, uma vez que parece não ter solução na justiça estadual.

Aqui, a justiça nunca chegou. Estou há nove anos dentro de casa, porque posso ser fuzilada. Minha família pode ser fuzilada. Peço que a senhora presidente da comissão olhe com carinho e me ajude nesta situação. Me ajude a conseguir essa audiência com o ministro”, explicou a mãe de Deusiane. A mulher também pediu ajuda da comissão para uma audiência com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

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Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976