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O Assai. As Unidades. As Compras. O Crescimento. O Alívio Monetário

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Expoente no varejo alimentar das classes C e D, mais afetadas pelo ciclo de juros altos, o Assaí começa a ver sinais de aumento nos volumes comprados em suas unidades no decorrer deste ano, de acordo com Daniela Sabbag, CFO da rede. Segundo ela, mesmo ocorrendo em um ritmo mais lento do que o esperado, o alívio monetário cria uma expectativa positiva para o setor.

“A inflação afetou nosso crescimento, vimos downtrading de marca [troca de rótulos mais caros por outros mais em conta] e os volumes foram impactados. Mas, apesar de a queda de juros não vir em um ritmo mais rápido para liberar a renda, está havendo uma recuperação de volumes”, diz Sabbag durante o evento “A Perspectiva da Economia Brasileira”, realizado pelo InfoMoney. “As vendas ainda não estão no patamar que gostaríamos, mas há uma inflação de alimentos acumulada que afeta o nosso consumidor”, acrescenta a executiva, ao lembrar que o preço médio dos alimentos subiram cerca de 40% desde a pandemia.

O cenário de volta mais lenta no consumo somado à persistência dos juros, lembra Daniela, forçou a empresa a ser mais ágil na tomada de decisões, especialmente em relação ao capex da empresa. “Estávamos em curso com nosso projeto de conversão de 60 lojas do antigo Extra [iniciado no fim de 2021] e, na época, ninguém esperava juros a 14%. Isso nos trouxe um impacto em despesa financeira de R$ 800 milhões, tivemos que olhar para a dívida e administrar nossos investimentos com muita disciplina”, acrescenta.

A frustração de expectativa, prossegue a executiva, se tornou ainda mais desafiadora para o Assaí em um momento em que seu antigo controlador, o grupo francês Casino, estava saindo do negócio.

“Iniciamos 2023 com um patamar de vendas saudável, mas, a partir de março, o cenário mudou e tivemos que adaptar nossa conversa com o investidor em um momento em que o controlador estava saindo. São os novos desafios de uma corporation.”

Passada a fase mais crítica de aperto monetário e consumo retraído, Daniela vê como novo desafio um risco de aumento de carga tributária para o varejo. Exemplo disso está na MP 1.185, que determina que, a partir de 2024, as empresas serão impedidas de abater do imposto de renda (IRPJ), CSLL, PIS e Cofins valores referentes a incentivos de ICMS concedidos pelo Estado – a medida ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.

“A queda nos juros não compensa o benefício da subvenção, que soma cerca de R$ 300 milhões por ano e a queda na nossa despesa financeira para o ano que vem será menor do que isso. Vai refletir no ritmo de investimento, que cairá em 2024. Houve também aumento de ICMS em dez estados, a conta está chegando e o consumidor acaba arcando com isso”, diz a executiva.

Para Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, o governo vive um cenário de necessidade de aumentar a arrecadação diante da expansão dos gastos promovidos desde meados de 2022.

“Priorizou-se aumentar gastos e buscar receita, o que é sempre mais complicado. Se a tática der certo, vai pesar mais sobre as empresas e, talvez, a queda de juros possa compensar. Se der errado, fica um buraco fiscal que afeta as expectativas de inflação e juros. O governo está entre a cruz e a espada neste momento”, conclui Megale.

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Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976