Sabe-se agora: o pedido de busca e apreensão no Tribunal de Justiça do Pará e na residência dos desembargadores Rômulo e Ricardo Nunes, Vania Silveira, Nazaré Gouveia, Ronaldo Valle, José Roberto Bezerra Júnior, Maria Edwiges Miranda Lobato, Maria de Nazaré Saavedra e os aposentados Raimundo Holanda Reis e Diraci Nunes Alves, foi protocolado no Superior Tribunal de Justiça, STJ, pela Procuradoria Geral da República, através da procuradora federal Lindôra Araújo.
O pedido foi feito a partir de conversas de WhatsApp encontrados no celular do ex-chefe da Casa Civil, Parsifal Pontes, na Operação em que o mesmo foi preso pela PF, juntamente com outros secretários estaduais da gestão Helder Barbalho, na investigação sobre a compra de respiradores. Como o material encontrado no celular de Parsifal, em relação aos magistrados do Pará, não tinham conexão com os respiradores, a procuradora abriu um novo inquérito, exclusivamente para investigar o tráfico de influência no TJE do Pará, daí o motivo do pedido ser distribuído para outra ministra, Nancy Andrighi, e não para Francisco Falcão, que é o relator da Ação onde o governador do Pará, Helder Barbalho e seu irmão, Jader Filho, são investigados.
Conforme apurou O Antagônico, quatro procuradores federais participaram da Operação no prédio do TJ e nas buscas nas casas dos magistrados, sendo três do Pará e dois da PGR em Brasília: São eles Alan Mansur, Nayana Fadul da Silva e Manoela Lopes Lamenha Lins Cavalcante, do MPF do Pará e Carlos Frederico, da Procuradoria Geral em Brasília. De acordo com as informações levantadas por O Antagônico todos os 10 desembargadores forneceram suas senhas, celulares e computadores. Todo o material foi levado para Brasília, para análise.
Uma fonte confirmou à nossa reportagem que os agentes da Polícia Federal estiveram nos prédios da Casa Civil, Secretaria de Cultura e Ministério Público do Pará. “Os agentes estiveram nesses locais para checar se, de fato, as pessoas indicadas por desembargadores, compareciam ao trabalho”. De acordo com o que já foi apurado, muitas das pessoas indicadas pelos membros da Corte paraense são “funcionários fantasmas”.
Ao que tudo indica, a interlocução entre o governador do Pará, Helder Barbalho, no tocante a lista de indicados, era feira pelo desembargador Rômulo Ferreira Nunes, irmão do desembargador Ricardo Nunes, que também foi alvo da operação. Foi na casa de Rômulo que a PF encontrou provas que apontam para a prática de “rachadinhas” no TJ Paraense.
A peça chave desta prática “nada republicana”, seria Miguel Salim Queiroz Wariss, coordenador de gabinete de Rômulo Nunes, que durante os anos de 2021 e 2022, usou a sua conta pessoal para efetuar o pagamento de contas do desembargador e de sua filha Bárbara Araújo Nunes (lotada na Casa Civil), e transferido valores para o caseiro de uma residência de veraneio do magistrado e para a esposa de Ricardo Nunes, Lindalva Gonçalves de Araújo Nunes.
Mas quem é Miguel Salim Queiroz Wariss? Além de trabalhar no gabinete do desembargador Rômulo Nunes, Miguel é advogado e também empresário, sendo sócio proprietário da empresa R. S. W. Representações LTDA, com sede em Santarém, na rua Sete de Setembro, n.º 1004. As atividades da empresa se resumem a “representantes comerciais e agentes do comércio de mercadorias em geral não especializado.”
Miguel Salim também é fotógrafo e diretor jurídico do Foto Cine Clube Grão Pará, entidade que reúne fotógrafos profissionais da capital e do interior do estado. E tem mais. Miguel é membro da Guarda de Nossa Senhora de Nazaré e foi ele quem fotografou o símbolo de Nossa Senhora de Nazaré para o Círio deste ano.
Parsifal
De acordo com uma fonte ouvida por O Antagônico, o material apreendido no celular de Parsifal Pontes, homem de confiança da família Barbalho, rendeu munição para várias investigações que estão em curso. Novas Operações da PF poderão ser deflagradas nos próximos dias.
Até a presente data, Pontes tem se mantido fiel ao governador, ainda acreditando na promessa de que sua esposa, Ann Pontes, seja nomeada conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios. Agora, não resta sombra de dúvidas que a “vaca foi para o brejo” e, se não quiser colaborar com as investigações, Parsifal poderá ir parar na cadeia, desta vez para uma longa temporada.
Em outro giro, nos bastidores do poder, já se sabe que muita coisa foi encontrada no celular dos magistrados paraenses, material com potencial para derrubar uma República. Tanto isso é verdade que, nem o Tribunal Paraense, nem a Associação dos Magistrados do Pará se arriscaram a divulgar nota sobre o assunto.
O governador Helder Barbalho é outro que está com as “barbas de molho”, sem acesso a informações sobre a investigação. O que se sabe é que HB está entre a cruz e a caldeirinha: se exonerar os indicados dos togados a medida pode soar como uma confissão; se não exonerar passa atestado de conivência. Ser ou não ser ? Eis a questão ?