Autoridades lamentaram a morte do escritor e sociólogo paraense, Fernando Canto, ocorrido terça-feira (29), em Macapá. Fernando Pimentel Canto nasceu na cidade de Óbidos , em 29 de maio de 1954, e teve cinco filhos. Ele foi sociólogo, professor doutor, poeta, cronista, contista e músico. Também foi Membro da Academia Macoina de Letras e Membro Fundador do Grupo Pilão. Ao longo de sua vida, escreveu mais de 18 livros e dedicou-se incansavelmente à valorização e divulgação da arte e cultura amapaenses, especialmente através de seus estudos e entusiasmo pela tradição do Marabaixo.
O governo do Amapá decretou luto oficial de três dias em homenagem ao presidente da Academia Amapaense de Letras (AAL). Fernando Canto foi uma figura marcante na cena cultural do Norte do Brasil, especialmente no Pará e no Amapá, onde sua contribuição deixou uma marca indelével na história da arte e da cultura da região. Tive a honra de trabalhar com ele nos anos 90 na Universidade Federal do Pará (UFPA), em um dos maiores projetos culturais da universidade na época: o Projeto Boca da Noite. O Boca da Noite surgiu como uma iniciativa para fortalecer e dar visibilidade a artistas locais em diversas áreas, promovendo uma verdadeira efervescência cultural. Realizado no Núcleo de Artes (NUA) da UFPA, localizado na Avenida Presidente Vargas, em Belém, o projeto criou um espaço onde criatividade e talento podiam florescer. Trabalhar lado a lado com Fernando Canto foi uma experiência enriquecedora, que me ensinou muito sobre o valor da arte e a importância de apoiar nossos artistas.
Fernando, junto com colaboradores como Eloi Iglesias, Walter Bandeira e muitos outros, dedicou-se a capacitar artistas para que pudessem gerenciar suas carreiras de maneira autônoma no futuro. Essa visão proativa e o comprometimento com o desenvolvimento artístico local foram fundamentais para que muitos talentos da região pudessem se destacar, não apenas no Pará e no Amapá, mas em todo o Brasil.
O Projeto Boca da Noite não era apenas um espaço de apresentações; era, acima de tudo, uma escola de vida para aqueles que desejavam ingressar no mundo das artes. As noites culturais se tornaram um ponto de encontro para a troca de ideias, experiências e a construção de uma comunidade artística coesa e engajada. A contribuição de Fernando Canto vai além dos palcos e das audições; ele foi um verdadeiro mentor, um incentivador que acreditava no potencial de cada artista que cruzava seu caminho. Seu legado perdura nas mãos e nas vozes daqueles que foram tocados por sua visão e paixão pela cultura.
Hoje, ao lembrar de Fernando, somos gratos por sua dedicação e pela forma como iluminou o caminho para muitos artistas que, inspirados por seu trabalho, continuam a levar a arte e a cultura do Amapá e do Norte do Brasil a novos patamares. Vá em paz, meu amigo! Seu legado viverá eternamente nas memórias e nas criações de todos aqueles que tiveram a sorte de trabalhar ao seu lado. Fernando Canto fazia tratamento contra dois canceres, sendo um no fígado. Ele teve o quadro de saúde agravado nos últimos dias e precisou ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular em Macapá, onde faleceu.
Nas redes sociais, o governador do Amapá, Clécio Luís destacou que Canto fundou um dos maiores grupos da música amapaense. “A cultura do Amapá perdeu hoje uma referência, justamente no Dia Nacional do Livro. Fernado Canto fundou o Pilão, que logo se tornou referência e contagiou várias gerações. No peito, seu coração batia no compasso da bateria da Boêmios do Laguinho, que lhe conferiu o título de Mestre da Nação”, disse o governador.
O senador Davi Alcolumbre (União) destacou o legado do escritor para a cultura do Amapá. “Com pesar, recebo a notícia do falecimento de Fernando Canto: sociólogo, jornalista, escritor, compositor, antropólogo. Muitos talentos de um homem que sempre transitou entre tantas atividades com grande maestria. Fernando Canto deixa um legado para a arte de nosso estado e sua contribuição inestimável para a cultura do Amapá deixará uma lacuna irreparável”, disse o senador.
O senador Randolfe Rodrigues (PT) descreveu os trabalhos desenvolvidos ao longo da carreira do escritor. “Pelos dedos de Fernando foram escritos 18 livros de contos, crônicas e poesias, além de trabalhos de cunho científico na área da sociologia e da antropologia. Escritor, compositor, músico, cantor, jornalista, sociólogo por formação e doutor em sociologia, além de fundador do Grupo Pilão e militante cultural”, disse Randolfe.