A médica Lana Tiani Almeida da Silva, que virou notícia nacional depois de afirmar que câncer de mama não existe, foi denunciada em maio de 2017, pela promotoria de Tucuruí, por homicídio qualificado. À época, um recém nascido veio a óbito porque a médica se recusou a fazer um parto cesariano requerido pela mãe da criança, Joyse de Castro Sousa. Quem assinou a denúncia foi o promotor de justiça Francisco Charles Pacheco.
Nesta quinta-feira, 31 de outubro, entidades de classe se manifestaram sobre as declarações públicas da médica Lana Tiani, com inscrição no Conselho Regional do Pará, em que afirma que o câncer de mama não existe. Vídeo divulgado pela profissional foi considerado como conteúdo com informações falsas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).
No vídeo, publicado no próprio perfil do Instagram, a médica diz para esquecerem a mamografia, considerado o principal exame para o diagnóstico da doença, que apenas em 2023 matou mais de 20 mil mulheres no Brasil, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).
“Esqueça Outubro Rosa. Câncer de mama não existe. Sou a doutora Lana Almeida, médica integrativa, especialista em mastologia e ultrassonografia das mamas. Por isso venho falar para vocês que câncer de mama não existe. Então esqueçam Outubro Rosa. Esqueçam mamografia”, declarou.
Na publicação, a médica, que não tem especialidade registrada, ainda sugere um suposto tratamento com hormônios. Nas redes sociais, a profissional se apresenta como Ginecologista Mastologista Integrativa. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) informou que tomou conhecimento da postagem da médica nessa terça-feira (29) e o fato está sendo apurado.
“Ressaltamos que os procedimentos no CRM-PA tramitam sob sigilo, de acordo com o art. 1°, do Código de Processo Ético-profissional”, disse o órgão.
O Sindicato dos Médicos do Pará (SINDMEPA) também se manifestou sobre o caso, afirmando que as declarações da médica desafiam as evidências científicas estabelecidas sobre o câncer de mama.
“O SINDMEPA reafirma que o câncer de mama é uma condição de saúde séria e amplamente reconhecida, responsável por um número significativo de mortes entre mulheres. A prevenção e o diagnóstico precoce, especialmente através da mamografia, são estratégias fundamentais e baseadas em evidências para a redução da mortalidade e tratamento mais eficaz da doença”, destacou a entidade.
O sindicado ainda reforça a recomendação de prevenção e rastreamento da doença, e afirma que o exame de mamografia segue rigorosos protocolos científicos e visa a proteção e o cuidado da saúde da mulher.
“O SINDMEPA se compromete a promover e disseminar informações corretas e respaldadas cientificamente para garantir que a população tenha acesso a orientações médicas seguras e responsáveis”, afirma o sindicato.