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Trajetória

Ronaldo Resedá. O Sucesso Meteórico. O Declínio. As Dívidas. A Morte Precoce em Imperatriz 

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O Antagônico relembra hoje a trajetória do bailarino, ator, apresentador e cantor Ronaldo Resedá, que obteve sucesso meteórico nos anos 80 e morreu precocemente, aos 38 anos, quando se preparava para um show na cidade de Imperatriz, no Maranhão.

Ronaldo Andrade de Moraes, mais conhecido como Ronaldo Resedá ou simplesmente Resedá, nasceu no dia 16 de outubro de 1945, no Rio de Janeiro.  No início da carreira, Resedá lecionava aulas de jazz, após ter se formado com Lennie Dale. Entre seus alunos mais famosos estão os atores Lauro Corona, Marília Pêra, Lucélia Santos e Zezé Motta. Fez sucesso também como ator, participando de peças de sucesso como “Deus lhe pague”, “Pippin” e “A Infidelidade ao alcance de todos”.

Em 1976, lançou-se como cantor no espetáculo “Camarim”, realizado na série “Mostragem” do Teatro Opinião, com direção de Eduardo Dusek. Ainda nessa época, apresentou-se com Marina Lima e Ângela Rô Rô. No fim dos anos 1970, ganhou destaque participando de trilhas de novelas da Rede Globo, como Dancin’ Days (com Kitch Zona Sul, composta por Lincoln Olivetti e Robson Jorge; no clipe, atua ao lado da atriz e dançarina Heloísa Millet), Plumas e Paetés (com Plumas e Paetés), Marrom Glacê (no clipe da música homônima que faz parte da trilha sonora, aparecia no meio de uma festa cantando e dançando), Marina (com Quero Me Entregar Pra Você) e Feijão Maravilha (com Sapateado).[1] Como cantava basicamente disco music, ganhou o epíteto “Kid Discoteca”. Esse sucesso todo fez com que gravasse um LP, lançado em 1979, pela Som Livre. Esse, porém, foi seu único álbum lançado na sua carreira.

Sua última apresentação em público foi em 1980, quando atuou como bailarino da abertura do show de Rita Lee na Rede Globo. Com poucos convites para fazer novos shows e sem propostas de gravadoras, virou apresentador de televisão, comandando o programa de clipes Som Pop, na TV Educativa (atual TV Brasil). Em 1983, apresentou o programa “Quanto Mais Quente Melhor”, da Rede Record, juntamente com Zezé Motta, Denise Bandeira e Luís Sérgio Lima e Silva.

Em 1984, gravou um disco independente que nunca foi lançado. E contrariando recomendações médicas, fazia shows pelo país para recuperar o dinheiro investido. Em setembro do mesmo ano, com um tumor no cérebro em estado agravante e somando os desgastes físicos, intercalando internações hospitalares e shows, Resedá morreu vítima de um AVC, perto de completar 39 anos de idade. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Parque Jardim da Saudade, em Sulacap, no Rio de Janeiro.

Resedá era soropositivo. A revelação aparece na autobiografia da “Ovelha Negra” da música brasileira, lançada em 2016. Rita e Resedá eram grandes amigos, parceiros de farra que, naqueles loucos anos 70, não dispensavam um coquetel de substâncias alucinantes, como ela também expõe nas páginas do livro. Outra afirmação de Rita é mais controversa. Ela dá a entender que o bailarino teria morrido de AIDS, ao listá-lo ao lado de Cazuza, Caio Fernando Abreu e de Renato Russo. Em 1984, a AIDS ainda era um tabu social, embora o primeiro caso tenha sido noticiado nos Estados Unidos em 1981. No Brasil, o preconceito em torno do tema passou a associá-la a uma espécie de “câncer gay”, que só vitimava homossexuais. Ronaldo Resedá nunca assumiu publicamente sua orientação sexual, mas os buchichos em torno da vida particular do artista eram vários. Segundo Rita Lee, ele namorava um piloto gringo quando faleceu.

Segundo a versão oficial, Resedá morreu vítima de um tumor no cérebro. Uma matéria da revista Contigo, publicada na ocasião, afirma na manchete que ele poderia ter evitado a morte. De acordo com médicos ouvidos pela reportagem, ao invés de seguir recomendações de repouso, o cantor e dançarino saiu em turnê para recuperar o dinheiro investido em um disco que fracassou. O esforço teria sido fatal para que ele sofresse um AVC fulminante.

Declínio. De fato, o dançarino perseguiu o sucesso como ninguém. O último ponto acima da curva em sua trajetória foi a participação por trás das cortinas com Rita Lee em “Baila Comigo”, no especial da TV Globo, e a inclusão da irreverente “Plumas e Paetês” na trilha da novela de Cassiano Gabus Mendes, mais uma contribuição da deliciosa dupla Dussek-Luiz Carlos Góes. Os anos 80 começavam e Resedá declinava. Tentou atuar na Record, na TV Educativa.

Os fracassos se acumulavam e a falta de estrutura emocional para lidar com aquela montanha-russa carregava o habilidoso dançarino para o buraco. Bancou um disco independente com os próprios recursos, que nunca foi lançado, e se afundou em dívidas. A vida de excessos cobrava seu preço. Resedá se recusava a aceitar que havia sido descartado pela indústria que, um dia, o idolatrou, como um típico produto da cultura de massa. Aos 38 anos, morreu como se a sua juventude tivesse sido roubada, buscando uma ilusão…

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Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976