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Luta Inglória

A Marcia Cabrita. O Câncer no Ovário. A Luta Inglória. A Carta. A Morte aos 53 Anos

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As atriz Marcia Cabrita e Claudia Gimenez, que fizeram papel de empregada doméstica no humorístico Sai de Baixo, que ia ao ar nas noites de domingo na Globo, foram vítimas da mesma fatalidade: Câncer. Cabrita faleceu em 2010, vitimada por Câncer no Ovário e Jimenez em 2022, depois de longa luta contra um câncer no mediastino.

Claudia Gimenez – a atriz descobriu a doença ainda jovem, aos 29 anos, em 1987. Ela foi submetida a sessões de radioterapia para tratar o câncer no mediastino e que, segundo os médicos, pode ter enfraquecido os tecidos de seu coração. Em 1999, submeteu-se a uma cirurgia cardíaca para colocar cinco pontes de safena. Em 2012, Cláudia passou por sua segunda cirurgia no coração, desta vez para reparar sua válvula aórtica, e em 2013, precisou se afastar das gravações da novela Além do Horizonte por conta de cirurgia para colocação de um marca-passo.

A atriz faleceu aos 63 anos, na manhã de 20 de agosto de 2022. Ela estava internada no Hospital Samaritano, localizado no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A causa da morte foi insuficiência cardíaca, devido ao tratamento de câncer no mediastino.

Em sua vida pessoal, Jimenez namorou tanto mulheres, como homens. Em 2008, terminou seu relacionamento com a personal trainer Stella Torreão, com quem era casada desde 1998. Após o término, ela teve diversos namoros, entre eles, com a cantora paraense Leila Pinheiro, a quem Cláudia fez a direção artística do show Catavento e Girassol em 1997 e o ator Rodrigo Phavanello, seu par romântico na novela Sete Pecados. A atriz também se envolveu com o ator Todd Rotondi, quando este esteve no Brasil. Em 2010, Jimenez e Torreão retomaram a relação e voltaram a viver juntas.

Em 18 de novembro de 2023, o popularmente conhecido “Baixo Bebê”, localizado as margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, na cidade do Rio de Janeiro, recebeu a denominação oficial de “Espaço Cláudia Jimenez”. A data escolhida para a inauguração deveu-se por ser o aniversário de 65 anos de Cláudia, que a atriz comemoraria caso ainda estivesse viva (a atriz faleceu em 2022). No local foi instalada uma placa de aço com três frases que Cláudia Jimenez usava com frequência: “A vida não tem ensaio: quando abrem as cortinas, é pra valer”, “A matéria-prima do artista é a vida” e “O riso salva”. Próximo do local funciona o Espaço Stella Torreão, centro de bem-estar e atividade física, administrado por Stella Torreão, viúva de Cláudia.

Marcia Cabrita – Em março de 2010, quando fazia a peça de teatro Tango, Bolero e Cha-cha-cha, Cabrita foi diagnosticada com câncer, iniciando um tratamento contra a doença. Afastou-se do trabalho para submeter-se a uma cirurgia e depois de três dias retornou ao palco, sem precisar ser substituída.

Em 2013 participou na série Vai que Cola do canal Multishow, interpretando Elza, a mãe do protagonista Valdomiro, interpretado por Paulo Gustavo. Em 2017, voltou à Globo para integrar o elenco da telenovela Novo Mundo como Narcisa Emília O’Leary, esposa de José Bonifácio de Andrada e Silva, o “Patriarca da Independência”. Inicialmente, iria interpretar a personagem Germana, mas, devido às complicações de sua doença, foi substituída nesse papel por Vivianne Pasmanter. Apesar da troca de papéis, a atriz precisou se afastar da trama para continuar o tratamento. Seu retorno estava confirmado para o último capítulo, o que não se concretizou. Logo que descobriu a doença, ela escreveu uma carta de desabafo. Leia o texto abaixo:

Eu fiquei gravemente doente. Ao contrário do que muitos fantasiam, não tirei de letra. Não sei o porquê, mas existe uma ideia estapafúrdia de que quem está com câncer tem que, pelo menos, parecer herói. Nãnãninã não! Quem recebe uma notícia dessas não consegue ter pensamentos belos. Bem… eu não conseguia. A cobrança de positividade acabou se tornando um problema. Olhava-me no espelho branca, magrela e de cabelos curtinhos (antes de caírem) e achava que estava pronta para fazer figuração em “A lista de Schindler”. Achava que não tinha chance de sobreviver à cirurgia, só pessoas que não tinham maus pensamentos sobreviviam. Muitas vezes deixei de comprar coisas para mim porque tinha que deixar tudo para minha filha. Bem, se na minha cabeça era esse o pensamento que reinava… Sem chance.

O mundo moderno é incrível. Tudo é maravilhoso, não existe sofrimento! As separações são sempre amigáveis e sem lágrimas, as mães não têm mais o direito de embarangar e ficar em casa lambendo a cria. Um mês depois estão lindas, magras, com barriga sarada! Os atores não ficam desempregados, estão sempre felizes com um convite que ainda não pode ser revelado! Quimioterapia é moleza! Vem cá, só eu que não moro na Disney?

Hoje percebo que precisei viver esse luto. Ele passou. Apesar do medo, fui confiante para o hospital. Mas outras angústias vieram. Sofri pelo que é “o de menos”, chorei pelos cabelos, pelas sobrancelhas, pelos cílios e pelo… resto que vocês sabem. Chorei pelas dores, enjoos, injeções e tudo mais. Eu me dei esse direito. Eu me dei o direito de ser humana. A Mulher Maravilha mora na televisão, eu moro na Gávea mesmo. A Mulher Maravilha dá aquele giro e sai linda e poderosa correndo para salvar pessoas. Se eu fizesse a mesma coisa, cairia estabacada com a careca no chão. Então meu giro foi bem devagarzinho, segurando na mão de minha mãe, de minha irmã e de meus queridos amigos e familiares. Girei amparada por Dr. Eduardo Bandeira, por Virginia Portas, Dr. Celso Portela e todos os enfermeiros e profissionais de saúde que foram maravilhosos comigo. Girei rindo e chorando com centenas de comentários no meu blog, em que virei praticamente uma conselheira oncológica. Girei brincando com minha filha, que fez questão de ir à escola de lenço na cabeça “igual à mamãe, porque é muito legal”. Girei para salvar a mim mesma.

Sinceramente, não acredito em uma seleção divina. Muitas pessoas bacanas e crianças morrem, e isso não é nem um pouquinho justo. Acho um saco quando dizem “fulano perdeu a batalha contra o câncer”, “fulana tem tanta vontade e alegria de viver que foi salva” ou “o amor por meus filhos me salvou”. Me parece tremendamente injusto.

Quer dizer que quem morre não amava a vida? O amor pelos filhos não era grande o suficiente? A fé foi pouca? Pensamento bem cruel, não é? E é uma coisa bem esquisita, isso só acontece com o câncer, a única doença tão estigmatizada. Ninguém diz que alguém perdeu a batalha para o enfarte, nem que amava tanto a vida que ficou bom da tuberculose.Re-mis-são. Estou em remissão. Quem não apresenta mais sinais da doença não pode sair gritando que está curada, então saio correndo e gritando que estou em remissão!!! Eba! Remissão é muito bom!!

Vi uma foto minha na internet com meus companheiros de “Subversões”, Aloísio e Salem, em que estou com um largo sorriso. Eu estava verdadeiramente feliz. Sem a pílula da felicidade, sem fingir meus sentimentos, sem bancar a maravilhosa. Era eu simplesmente feliz.E agora, chega desse assunto! Eu sou atriz e tô mais preocupada com um convite que não pode ser revelado! 

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Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976