O Antagônico relembra hoje a trajetória de Leila Diniz, atriz brasileira à frente de seu tempo e que morreu de forma trágica, em 1972, em um acidente aéreo. Leila tinha apenas 27 anos. A atriz foi uma das vítimas do voo 471, da Japan Airlines, no dia 14 de junho de 1972. No auge da fama, a atriz retornava de uma viagem à Austrália. Suas cinzas foram sepultadas no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio. Após o falecimento de Leila, sua filha, Janaína, foi criada pelo cantor Chico Buarque e sua então esposa, a atriz Marieta Severo.
O advogado Marcelo Cerqueira, cunhado de Leila, foi até Nova Délhi, na Índia, local do desastre, para tratar da remoção dos restos mortais da atriz. Acabou encontrando um diário que continha diversas anotações e uma última frase, que provavelmente estava se referindo ao acidente: “Está acontecendo alguma coisa muito es….”.
Por sua carreira, sua história e seu legado, entrou para a lista das 10 Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio. Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil. Escandalizou ao exibir a sua gravidez, de biquíni, na praia, para a câmera do fotógrafo Joel Maia na ilha de Paquetá, da Revista Cláudia. Também chocou o país inteiro ao proferir a frase: “Transo de manhã, de tarde e de noite.” Mulher ousada e que detestava convenções, Leila foi invejada e criticada pela sociedade conservadora das décadas de 1960 e 1970 e por grupos feministas que consideravam que ela estava a serviço dos homens.
Leila falava de sua vida pessoal sem nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Concedeu diversas entrevistas marcantes à imprensa, mas a que causou um grande furor no país foi a entrevista que deu ao jornal O Pasquim, em 20 de novembro de 1969. Nessa entrevista, ela, a cada trecho, falava palavrões (ao todo 72) que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo. O exemplar foi o terceiro mais vendido da história do jornal, com 117 mil exemplares. E foi também depois dessa publicação que foi instaurada a censura prévia à imprensa, mais conhecida como Decreto Leila Diniz.
E as confusões na vida de Leila não paravam. Em janeiro de 1971, dois policiais compareceram aos estúdios da TV Tupi, no antigo Cassino da Urca, para levar Leila presa. Para evitar a prisão de sua jurada, o apresentador Flávio Cavalcanti aconselhou Leila a ir ao banheiro assim que o programa voltasse do intervalo comercial. Nos bastidores, a atriz trocou de vestido com Laudelina Maria Alves, a Nenê, sua secretária, e fugiu. Perseguida pela polícia e Política Social, Leila se escondeu em Petrópolis, no sítio de Flávio Cavalcanti. A acusação era que Leila ajudava militantes de esquerda. Depois, a ordem de prisão foi revogada ela teve que assinar um termo de responsabilidade dizendo que não falaria mais palavrões, negando sua personalidade.