Redes Sociais

Nelson Gonçalves

Nelson Gonçalves. O Metralha. O Sucesso. O Vício em Cocaína. Os Relacionamentos Conturbados. A Morte na Casa da Filha

Publicado

em

Nelson Gonçalves, uma das vozes mais pulsantes da música brasileira, morreu em abril de 1998, vítima de infarto. Cantor de grande sucesso, atingindo fama internacional, Nelson também teve seu período negro, quando se viciou em cocaína e foi preso acusado de tráfico.

Nelson experimentou cocaína em 1956, ao retornar de uma turnê em Minas Gerais que o deixou exausto. Um conhecido lhe ofereceu a droga e Nelson se rendeu à sensação de euforia que o pó causava. De 1958 a 1966, sua vida desandou. Lourdinha o deixou e o cantor ouvia comentários jocosos durante suas apresentações. A imprensa sensacionalista, que descobrira seu vício por meio de Lourdinha, explorava ao máximo a desgraça do cantor, encontrando mais lenha para a fogueira no dia em que ele agrediu uma amante sua, a bailarina Nanci Montez.

Em 1964 mudou-se para São Paulo com a nova companheira Maria Luísa e os filhos Ricardo e Jaime. Lá, foi preso em flagrante por porte de drogas em 8 de maio de 1966. No momento da prisão, é agredido verbal e fisicamente pelos policiais, que também vandalizaram sua casa, quebrando vários objetos, por porte de drogas, e passou um mês na Casa de Detenção, o que lhe trouxe problemas pessoais e profissionais. Por todo esse tempo sua esposa o visitou no presídio, e juntava economias dela e do marido, que pagavam seu tratamento e seu advogado. Após este período, foi a julgamento e provou sua inocência – segundo ele, um traficante de quem parou de comprar o denunciara como retaliação, informando à polícia que Nelson mantinha 1 kg de cocaína em casa para fins de tráfico.

Após sair da cadeia, internou-se numa casa de saúde e, depois, enfrentou quatro meses de abstinência em casa, isolado em seu quarto. Deixou a cocaína, mas não o cigarro, que possivelmente afetou seu sistema respiratório e lhe causou dois enfartes – o último, definitivo. Em 1973 conseguiu abandonar de vez seu vício, sempre com o apoio de sua mulher e de seus filhos. Totalmente recuperado, retomou sua carreira, cada vez mais bem sucedida.

Casamentos – Em 1939, aos 20 anos, casou-se com sua noiva, Elvira Molla, paulistana de família de operários, descendente de italianos. Com ela, teve um casal de filhos: Marilene Molla Gonçalves e Nelson Antônio Molla Gonçalves. No final dos anos 40, o casamento estava abalado e ela se mudou para São Paulo. Sozinho no Rio, Nelson passou a acompanhar os malandros na Lapa e conheceu Vera Alves Guimarães (conhecida como Betty White), cantora que não se sentiu correspondida e acabou se suicidando em 15 de abril de 1946.Em 1952, conheceu a cantora Lourdinha Bittencourt, com quem teve uma conturbada relação que se encerraria em 1959, por conta de seu vício.

Mesmo após seus problemas com drogas, continuou gravando regularmente nos anos 70, 80 e 90, reafirmando a posição entre os recordistas nacionais de vendas de discos. Além dos eternos antigos sucessos, Nélson Gonçalves sempre se manteve atento a novos compositores, e chegou a gravar canções de Ângela Rô Rô (“Simples Carinho”), Kid Abelha (“Nada por Mim”), Legião Urbana (“Ainda É Cedo”) e Lulu Santos (“Como uma Onda”). Gravou “A Deusa do Amor”, que está no álbum Nós, em parceria com Lobão, em 1987, tocando com ele essa música no Globo de Ouro em 1988. Também fez dueto em 1987 com Chico Buarque, na música “Valsinha” (Composição de Vinicius de Moraes e Chico Buarque).

Ganhador de um prêmio Nipper da RCA, dado aos que permanecem muito tempo na gravadora, sendo somente Elvis Presley o outro agraciado. Durante sua carreira, gravou mais de duas mil canções, 183 discos em 78 rpm, 128 álbuns, vendeu cerca de 75 milhões de discos, ganhou 38 discos de ouro e 20 de platina.

Números impressionantes –  Nelson é o segundo maior vendedor de discos da história da MPB e segundo maior vendedor de discos da história da MPB, ficando atrás apenas do Rei, Roberto Carlos. Foram mais de 79 milhões de cópias vendidas até março de 1998, um mês antes de sua morte. Roberto Carlos atingiu a marca de 140 milhões.

Antes de fazer muito sucesso, Nelson participou de diversos programas de calouros, mas era sempre reprovado por conta de sua gagueira, com a qual sofria desde criança, e que lhe deu o apelido “Metralha”.

Quando gravou A Volta do Boêmio (composição de seu parceiro Adelino Moreira), em 1957, a canção fez um estrondoso sucesso e obteve a marca de um milhão de cópias vendidas, cifra considerada astronômica para a época. Quando Nelson se apresentou nos Estados Unidos, na década de 50, foi elogiado por Frank Sinatra, que declarou que a voz do brasileiro era uma das melhores que já tinha ouvido. Durante sua carreira, Nelson Gonçalves gravou mais de 2 mil canções, 183 discos em 78 rpm e 128 álbuns, ganhando 38 discos de ouro e 20 de platina. Ele é o artista brasileiro que mais tempo ficou em uma mesma gravadora: foram quase 60 anos com a RCA Victor/BMG Brasil.

O nome de Maria Bethânia foi inspirado em uma música que Caetano Veloso, irmão mais velho da cantora baiana, ouviu Nelson Gonçalves cantar no rádio e se apaixonou (ele tinha apenas quatro anos!). A canção, Maria Betânia (sem H), é uma composição de Capiba, gravada por Nelson em 1945, pouco antes de Bethânia nascer.

Nelson Gonçalves, o “cantor das multidões”, morreu no dia 18 de abril de 1998 devido a um infarto agudo do miocárdio, no apartamento de sua filha Marilene, no Rio de Janeiro, enquanto a visitava. Ele foi sepultado no Cemitério de São João Batista, na capital fluminense.

Todos os direitos reservados © 2022 O Antagônico - .As Notícias que a grande mídia paraense não publica.
Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976