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Descoberta

O Amazonas. Maues. O Rio Tapajós. O Peixe Cascudo. A Toxina Nociva. A Ciência e a Descoberta

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Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) descrevem, em artigo publicado no periódico Neotropical Ichthyology, duas novas espécies de peixes amazônicos que se acreditam ser inéditas para a ciência. A descoberta foi feita durante uma “iniciativa de financiamento coletivo”, relata o artigo, realizada na bacia do rio Tapajós, nos arredores das cidades de Jacareacanga e Maués, entre a região amazônica que engloba os estados do Pará e do Amazonas.

“Durante esta expedição, 13 espécies de Corydoradinae [peixe conhecido como ‘cascudo’] foram capturadas, das quais pelo menos cinco puderam ser confirmadas como novas para a ciência”, prosseguem os pesquisadores.

No artigo, duas das novas espécies são descritas, e distinguem-se por alguns detalhes visuais ao longo de seu tronco, como padrões em forma de mosaico formados por suas placas e pequenas manchas amarelo-esbranquiçadas ou bege na porção pré-dorsal.

O focinho das espécies também parece ter sido adaptado e evoluído de maneira independente em relação a “gêneros distintos da subfamília” a que pertencem, num processo chamado “convergência adaptativa”, caracterizado por semelhanças entre espécies que não compartilham parentesco evolutivo. Essa adaptação pode estar relacionada às pressões ambientais às quais as diferentes espécies estiveram submetidas em suas regiões nativas.

Chamadas Hoplisoma noxium e Hoplisoma tenebrosum, as duas novas espécies descritas pelo estudo, pertencentes ao gênero Hoplisoma (que engloba uma variedade de cascudos sul-americanos da subfamília Corydoradinae), também apresentam um aspecto inusitado: liberam uma toxina nociva a seres humanos e a outros peixes por meio de seus espinhos. O contato humano com os espinhos causa dor, inchaço e vermelhidão, relatam piabeiros locais que coletam peixes ornamentais; e a toxina é letal para outros peixes. Ao ser expelida, provoca alterações visuais na água e a formação de uma espuma superficial. Se estressados, os espinhos podem, inclusive, levar os cascudos ao autoenvenenamento.

O nome “tenebrosum” deriva do substantivo latino “tenebrae”, que significa “escuridão, melancolia”, mais “-osum”, um sufixo latino usado para formar adjetivos a partir de substantivos, explica o artigo. “No Brasil, o adjetivo tenebroso é frequentemente usado para descrever algo assustador, sombrio ou malévolo. O nome faz alusão à poderosa toxina liberada pela nova espécie sob estresse, que mata qualquer peixe mantido no mesmo saco/recipiente durante o transporte”, afirma o artigo.

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Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976