O Antagônico relembra hoje a trajetória de Mila Moreira, uma das primeiras modelos a atuar como atriz na televisão brasileira. Mila, que morreu de parada cardíaca aos 75 anos, em 2021, tornou-se mais conhecida por suas atuações em telenovelas e seriados a partir da década de 1970, especializando-se nos papéis de mulheres elegantes e do mundo da moda. A atriz era mais conhecida como manequim da Rhodia com “furinho no queixo”.
Morte- Mila Moreira morreu na madrugada do dia 06 de dezembro de 2021, no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Amigos próximos de Mila relataram que a atriz estava em Paraty (RJ) e que ela começou a passar mal de sábado para domingo, apresentando sintoma de vômito.
“Não se sabe exatamente a causa, mas ela começou a vomitar sem parar, foi para o soro lá mesmo. Depois veio de ambulância para o Copa Star e aí continuou com a gastroenterite e finalmente uma parada cardíaca. Muito triste”.
Disse uma amiga. Levada para o hospital, ela veio a óbito horas depois de dar entrada no Copa Star. Inicialmente a causa da morte não foi divulgada.
“O Hospital CopaStar lamenta a morte da paciente Mila Moreira na madrugada desta segunda-feira (06) e se solidariza com a família e amigos por essa irreparável perda. O hospital também informa que não tem autorização da família para divulgar mais detalhes”, dizia o comunicado do hospital.
A amiga e também atriz Lilia Cabral postou em uma rede social que Mila havia morrido em decorrência de um mal súbito.
“Não estou conseguindo acreditar. Triste dia o de hoje, triste o dia de hoje para muitos amigos, pois a Mila era adorada por tantos!!! Estou em choque, e arrasada. Ela não estava doente, e um mal súbito levou essa linda mulher que foi exemplo e inspiração pra muitas mulheres. Mila querida, vc sabe o quanto eu gosto de vc, vou continuar te amando, lembrando de muitos momentos divertidos, lembrando de todos os conselhos e ensinamentos. Mila querida, saiba que vc vai fazer muita falta. Deixo o meu carinho aos familiares e amigos. Obrigada Mila por tudo!”, escreveu a atriz em seu Instagram.
A Globo, no entanto, divulgou nota revelando que a atriz faleceu em decorrência do agravamento de uma gastroenterite.
Muitos amores – Ao longo de sua vida, Mila teve diversos relacionamentos amorosos e em entrevistas, sempre afirmou que mantinha amizade com todos eles. Ela já foi casada com o ator Luis Gustavo (1971-1973); com um engenheiro paulista (1974-1977); com o designer austríaco Hans Donner (1983-1986); e com João Carlos Balaguer (1999-2005), pai da atriz Joana Balaguer. Mila também já namorou o produtor musical Ronaldo Bôscoli (1966-1967); o ator Gracindo Júnior (1979-1980) e o ator Eduardo Conde (1980-1981), seu amigo de longa data. Mila era formada em psicologia. Mila optou por não ter filhos, já que trabalhava muito e fazia muitas viagens, não sobrando tempo para a maternidade. Em entrevista, Mila disse que na época, não se sentia absolutamente segura financeiramente para encarar uma relação.
Trajetória – Nascida na capital paulista, em 18 de maio de 1946, Marilda Moreira da Silva cresceu nos arredores da Estação da Luz, uma das mais importantes estações ferroviárias da cidade de São Paulo. Filha de imigrantes portugueses, seu pai, o Senhor Moreira, era dono de um pequeno hotel que hospedava comerciantes na cidade, e sua mãe, Dona Ilda, era dona de casa. Desde a juventude, por não gostar do nome Marilda, adotou o apelido Mila, em homenagem ao livro Mila 18, um romance de Leon Uris.
Aos 14 anos, em 1960, foi coroada como “Miss Luzes da Cidade” e, como prêmio do concurso, ela ganhou uma viagem para Nova York, iniciando sua trajetória como modelo profissional. Mila apareceu como manequim (ou demonstradora como eram chamadas na época), na Feira Nacional da Indústria Têxtil (Fenit), em 1963, desfilando pela Rhodia Têxtil, apresentando roupas de Clodovil Hernandes e Denner, sendo coreografado por Ismael Guiser, junto com as manequins Ully e Mailu.
Desfilaram, ainda, no magazine paulistano Mappin mostrando a coleção mais recente da Rhodia. Ficaram juntas na Rhodia até 1970. Depois, Mila e Ully montaram uma escola para manequins no Rio de Janeiro. Durante a década de 1970, Mila continuou se profissionalizando como modelo, morando fora do país e tornando-se conhecida no cenário da moda, até, mais tarde, começar uma carreira como atriz.
Em 1979, encerrou um relacionamento com um americano que morava em Chicago e retornou ao Brasil. Com o retorno, retomou contato com Cassiano Gabus Mendes, o qual era casado com a irmã de seu ex-marido, o ator Luís Gustavo, e ele conseguiu um emprego para Mila como produtora na Rede Bandeirantes. Neste ano ainda, foi convidada às pressas para substituir um jurado em um programa apresentado por Chacrinha na emissora.
Após vê-la no vídeo, Cassiano então a chamou para atuar em sua telenovela, Marron Glacé (1979), na TV Globo. Na novela, ela interpretou “Érica”, que ocupava o cargo de secretária da personagem interpretada por Yara Cortes. Era jovem, viúva, e despertava a paixão de “Nestor” (Armando Bógus), um dos garçons do restaurante “Marron Glacé”, cenário principal da novela. Este foi o ponto de partida de Moreira como atriz.
Nesta época, seu nome era creditado na abertura apenas como “Mila”. Ela foi uma das pioneiras modelos a atuar em novelas. Durante uma entrevista ao Vídeo Show, mencionou ter enfrentado preconceito:
“Na época, não era comum ter uma modelo fazendo televisão, então, claro que, inicialmente, teve um preconceito. Todo mundo ficava esperando para meter o pau mesmo. Os olhares tortos eram mais por conta de ser uma pessoa fora da classe. Era como hoje, as pessoas ainda acham que você está roubando o trabalho dos outros. Você estuda para ser atriz e chega alguém que só porque é bonitinha e está na moda vira atriz”, explicou.
Nos últimos anos de sua carreira, reduziu suas aparições na televisão, limitando-se muitas vezes a pequenos papéis ou participações especiais. Em 2013, trabalhou novamente com Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari em Sangue Bom, novela que foi ao ar no horário da sete da TV Globo.
Na trama, interpreta “Sílvia Laport”, uma mulher elegante e solidária, que é o cerne operacional da Class Mídia. Recusa-se a aceitar a demissão de “Érico” (Armando Babaioff) e decide seguir para a nova agência dele para trabalhar. Novamente com a dupla de autores citada anteriormente, trabalhou na novela do horário nobre A Lei do Amor. Essa foi a última novela em que a atriz e modelo participou.