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Dias Gomes. As Novelas e Minisséries. O Táxi. O Acidente. A Cabeça na Mureta e a Morte Instantânea

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A vida imita a arte e a arte imita a vida. É o que podemos dizer do escritor Dias Gomes, um dos maiores autores de tramas de novelas da américa latina e que morreu de forma trágica, aos 77 anos, em um acidente de trânsito em São Paulo em maio de 1999. O autor de “O Bem Amado”, primeira novela em cores exibida no Brasil, voltava de um jantar com sua mulher , a atriz Maria Bernadeth, na madrugada do dia 18 de maio de 1999, após assistirem à encenação de Madame Butterfly, ópera dirigida pela atriz Carla Camurati, quando o táxi onde viajava o casal fez uma conversão proibida na avenida 9 de Julho.

O carro foi atingido por um ônibus que seguia na mesma direção. Com o impacto e sem estar usando o cinto de segurança, Dias Gomes foi arremessado para fora do carro, um fiat uno de quatro portas, e bateu a cabeça na mureta que separa a via exclusiva dos coletivos na avenida, o que causou sua morte instantânea. Bernadeth sofreu ferimentos e foi internada. O motorista do táxi, Ozias Patrício da Silva, que também sofreu ferimentos, estava na profissão havia dois meses e alegou que só fez a manobra proibida “por insistência de Dias Gomes”.

À época, a delegada Nair Silva de Andrade, titular da 78ª DP, disse que o motorista parecia arrependido, mas que a versão de haver feito a conversão proibida a pedido de Dias Gomes não justifica o erro.

“Ele foi imprudente, não seguiu as leis de trânsito, está sendo indiciado sob a acusação de homicídio culposo e pode ser também por lesão corporal, se a família de Dias Gomes quiser”, declarou.

O corpo de Dias Gomes foi trasladado ao Rio de Janeiro, e foi velado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras. O corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista. Alfredo de Freitas Dias Gomes deixou cinco filhos -Alfredo, Denise e Guilherme, com Janete, e Maíra e Luana, com a segunda mulher, a atriz Maria Bernadete.

JANETE CLAIR- Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes travou contato pela primeira vez com aquela que viria a se tornar sua primeira esposa, a então desconhecida escritora Janete Clair. Com ela se casou em 13 de março de 1950, e teve os filhos Alfredo Dias Gomes, Guilherme Dias Gomes,[6] Marcos Plínio (falecido) e Denise Emmer. Viúvo de Janete, que morrera um ano antes, em 1984 Dias casa-se com a atriz Bernadeth Lyzio, com quem tem duas filhas: Mayra Dias Gomes e Luana Dias Gomes.

TRAJETÓRIA- Alfredo de Freitas Dias Gomes, mais conhecido pelo sobrenome Dias Gomes, nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 19 de outubro de 1922.  Essencialmente um homem de teatro, aos 15 anos Dias Gomes escreveu sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas, com a qual ganharia o prêmio do Serviço Nacional de Teatro e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), no ano seguinte. Em 1941 sua peça Amanhã Será Outro Dia chega às mãos do ator Procópio Ferreira que, empolgado com a qualidade do texto, chama o autor para uma conversa.

Sob a alegação de que a peça possuia alto conteúdo marxista, Pé de Cabra seria proibida no dia da estreia pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado pela ditadura de Getúlio Vargas. Curioso notar que, embora anos depois o autor viesse a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, até então Dias Gomes nunca havia lido uma só linha de Karl Marx. Graças à sua influência, Procópio consegue a liberação da peça, mediante o corte de algumas passagens, e a mesma é levada à cena com grande sucesso.

No ano seguinte, Dias Gomes assinaria com Procópio aquele que seria o primeiro grande contrato de sua carreira, no qual se comprometia a escrever com exclusividade para o ator. Desse período nasceram Zeca Diabo, João Cambão, Dr. Ninguém, Um Pobre Gênio e Eu Acuso o Céu. Infelizmente nem todas as peças foram encenadas, pois logo Dias e Procópio se desentenderam por sérias divergências políticas. Refletindo o pensamento da época, Procópio não concordava com as preocupações sociais que Dias insistia em discutir em suas peças. Tais diferenças levariam o autor a se afastar temporariamente dos palcos e ele passou a se dedicar ao rádio.

INDICAÇÃO AO OSCAR – De 1944 a 1964 Dias Gomes adaptou cerca de 500 peças teatrais para o rádio, o que lhe proporcionou apurado conhecimento da literatura universal. Em 1960 Dias Gomes volta aos palcos com aquele que viria a ser o maior êxito de sua carreira: a peça teatral O Pagador de Promessas. Adaptada para o cinema por Anselmo Duarte, O Pagador seria o primeiro filme brasileiro a receber uma indicação ao Oscar e o único a ganhar a Palma de Ouro em Cannes.

Em 1965 Dias assiste, perplexo, à proibição de sua peça O Berço do Herói, no dia da estreia. Adaptada para a televisão com o nome de Roque Santeiro, a mesma seria proibida uma década depois, também no dia de sua estreia. Somente em 1985, com o fim do Regime Militar, o público iria poder conferir a Roque Santeiro – que, diga-se de passagem, viria a se tornar uma das maiores audiências do gênero.

Com a implantação da Ditadura Militar no Brasil, em 1964, Dias Gomes passa a ter suas peças censuradas, uma após a outra. Em 1969 foi demitido da Rádio Nacional, graças ao seu envolvimento com o Partido Comunista, não lhe resta outra saída senão aceitar o convite de Boni, então presidente da Rede Globo, para escrever para a televisão.[4].

De 1969 a 1979 Dias Gomes dedica-se exclusivamente ao veículo, no qual demonstra incomum talento. Em 1972, Dias Gomes levaria o povo para a televisão ao ambientar Bandeira 2 no subúrbio carioca. Em 1973 escreveu a primeira novela em cores da televisão brasileira, O Bem-Amado. Em 1974 já falava em ecologia e no crescimento desordenado da cidade com O Espigão. Em 1976, com Saramandaia, abordaria o realismo fantástico, então em moda na literatura. O fracasso de Sinal de Alerta, em 1978, leva Dias a se afastar do gênero telenovela temporariamente.

Ao longo de toda a década de 1980, Dias Gomes voltaria a se dedicar ao teatro, escrevendo para a televisão esporadicamente. Datam desse o período os seriados O Bem-Amado e Carga Pesada (apenas no primeiro ano), e as novelas Roque Santeiro e Mandala, das quais escreveria apenas parte. Nos anos 90, Dias Gomes viraria as costas de vez para as telenovelas, dedicando-se única e exclusivamente às minisséries.

Estreou na televisão em 1969, com a novela A Ponte dos Suspiros. Entre seus sucessos na televisão estão a novela O Bem Amado, que virou O Bem Amado seriado entre 1980 e 1984, Roque Santeiro, Bandeira 2, O Espigão e Saramandaia. Também foram escritas por Dias Gomes as novelas Mandala, Araponga, Irmãos Coragem e O Fim do Mundo. Gomes tambem escreveu as minisséries Carga Pesada, O Pagador de Promessas, As Noivas de Copacabana, Dona Flor e Seus Dois Maridos e Decadência.

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Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976