A Polícia Civil do Pará cumpriu, na segunda-feira, 19, mandado de prisão contra o advogado Gabriel Lucas Costa Gonçalves. Gabriel é filho de Sidney César de Souza Gonçalves, motorista da desembargadora do TJE do Pará, Gleide Pereira de Moura. A polícia também pediu a prisão de Sidney César, porém o pedido não foi apreciado pelo magistrado. A prisão foi autorizada pelo juiz da Vara de Inquéritos, Heyder Ferreira Tavares. A PC do Pará também cumpriu mandados de busca e apreensão na residência dos acusados.
Gabriel teria pedido a uma terceira pessoa a quantia de R$ 40 mil reais para influenciar favoravelmente em um processo em tramitação no gabinete da desembargadora Gleide Moura. Duas empresas são parte no referido processo: a Prime Engenharia Ltda e a Circulo Engenharia Ltda.
“A pedida é 40 quilos de ração. Vê se o seu cliente consegue”. Diz a mensagem enviada pelo advogado Gabriel ao advogado de uma das partes.
O advogado procurou a polícia e denunciou a extorsão. A partir de então iniciou-se as investigações.
“No caso em testilha, Gabriel Lucas Gonçalves solicitou valores, a pretexto de influir na decisão da desembargadora Gleide Pereira de Moura. Ademais, há indícios da existência de esquema criminoso voltado a essa prática e que, para tanto, vale-se de informações privilegiadas de processos judiciais, com a participação de Sidney César de Sousa Gonçalves, em razão do exercício de função de assistente de magistrada”, diz a denúncia da autoridade policial, requerendo a prisão preventiva de Gabriel Gonçalves e Sidney Gonçalves.
“A medida (prisão preventiva), mostra-se necessária, adequada e proporcional, diante da gravidade concreta da conduta apurada, do risco de interferência na investigação em curso e diante da possibilidade de continuação do suposto esquema criminoso, o qual, segundo elementos constantes dos autos, compromete a integridade e a credibilidade do poder judiciário”. Frizou Heyder Ferreira na decisão.
A prisão de pai e filho foi pedida pelos delegados Tainan Melo Carqueija Monteiro, Vinnicius Ariel Lobo Oliveira e Luiza Gomes, todos da Divisão de Repressão à Corrupção e ao Desvio de Recursos Públicos. No relatório, os delegados frisam que em nenhum momento houve suspeitas sobre a participação da desembargadora no esquema.
“Imperioso ressaltar que não há quaisquer elementos que apontem para a eventual participação da desembargadora. Ao contrário disso, a forma como os fatos se desenrolaram levam a crer que pai e filho se aproveitaram da facilidade da obtenção de informações privilegiadas de processos, para obterem injusta vantagem, agindo de forma a macular a imagem da desembargadora e do poder judiciário do Estado.“