A prisão de Maurício César Mendes Rocha Filho, ocorrida na manhã de sexta-feira, 09, traz à tona um emaranhado que envolve chantagem e crimes cibernéticos. Maurício, que é filho do corretor de imóveis Maurício Cesar Mendes Rocha, é apontado como o causador do suicídio da jovem Luma Bony, de 23 anos. Maurício Filho, que se aproximou da vítima via redes sociais, é acusado de divulgar vídeos íntimos de Luma e de chantageá-la. Não suportando a pressão, a jovem se atirou do alto de um prédio no centro de Belém.
Segundo apurou a reportagem de O Antagônico, Luma não foi a primeira vítima de Maurício, que seria contumaz em seduzir mulheres, dopá-las, gravar vídeos comprometedores e depois chantagear às mesmas. O histórico de agressões e ameaças contra mulheres é o que levou a polícia civil do Pará a investigar o acusado.
O pai da jovem Luma Bony, o empresário Bony Monteiro, afirma que todas os crimes praticados por Maurício sempre foram acobertados e tiveram a conivência da família do mesmo. Em 2018 o pai de Maurício, o corretor Maurício Rocha, morador do condomínio de luxo Greenville I, botou panos quentes em uma ocorrência onde o filho, dirigindo em alta velocidade, atingiu outro veículo que estava estacionado na frente do colégio Ideal.
No dia do fato, 08 de junho de 2018, Maurício se evadiu do local, sendo que os pais do mesmo, acobertando os atos do filho, Maurício e Patrícia do Socorro Mendonça Rocha, se apresentaram como condutores do veículo. A proprietária do carro registrou ocorrência na polícia e confirmou que os pais tentaram assumir a responsabilidade do acidente causado pelo filho. Maurício Rocha, pai do acusado, também foi indiciado por denunciação caluniosa.
Já Maurício Filho possui um longo histórico de violência contra mulheres, algumas de sua própria família. Em janeiro do ano passado, Camila Teixeira Bastos, madrasta de Maurício, compareceu em uma delegacia de polícia para relatar que foi ameaçada, com uma faca, pelo enteado.
Na ocorrência, a madrasta afirma que Maurício prometeu “enchê-la de porradas” e que medidas protetivas e denúncias na polícia não o impediriam de entrar no Greenville e agredir a mesma. Segundo a declarante, Maurício é “perigoso” e “inconsequente” e já teria mostrado pornografia para o seu filho menor de idade. A madrasta relatou ainda, que Maurício fornecia o endereço de sua casa no condomínio Greenville I para efeito “de cobranças oriundas do tráfico de drogas.” O processo está tramitando na 3º Vara de Violência Doméstica da capital.
Sempre tendo vídeos pornográficos como pano de fundo, Maurício também foi denunciado na polícia em outros dois casos, um envolvendo uma tia e outro uma ex-namorada. No último dia 22 de novembro, o juiz Titular da 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Maurício Ponte Ferreira de Souza, indeferiu pedido de medida protetiva requerida por L.B.P.F, ex-namorada de Maurício, por fato de violência doméstica e familiar contra a mulher (Divulgação de cena de estupro, sexo ou pornografia).
Justificando a negativa o magistrado frisou que o fato atribuído ao requerido teria ocorrido em 10 de janeiro de 2021, ao passo que L.B.P.F somente solicitou o pedido de medidas protetivas cerca de 01 ano depois, em 21 de novembro de 2022. Já a tia de Maurício, Mônica Sulemy Rocha Montenegro Vieitas, se envolveu em uma discussão com Maurício em um sítio da família no ano de 2021, ocasião em que o chamou de “ vagabundo, filha da putinha, maconheiro, safado e arrombador de cadeado”.
O caso mais recente envolvendo Maurício, além da jovem Luma Bony, foi registrado na Polícia no dia 15 de novembro deste ano, pela jovem L..V.S.T, ex-namorada do acusado. Ela narrou no Boletim de Ocorrência que namorou por menos de um ano com Maurício. Segundo a jovem, Maurício passou a lhe enviar mensagens dizendo que se falasse algo do relacionamento dos dois para alguém iria divulgar fotos suas, expondo-a aos familiares e amigos.
Em conversa com O Antagônico, o pai da jovem que cometeu suicídio, Bony Monteiro, espera que a justiça seja feita e que Maurício Filho seja processado e condenado pelos seus crimes. Para Bony, se Maurício não tivesse tido seus atos acobertados pelos familiares talvez ele já teria sido preso e sua filha ainda estaria viva. “ não vamos descansar enquanto esse monstro não for condenado”. Desabafa Bony.