Uma grande operação do Ibama está programada para ocorrer nos próximos dias em vários municípios do sul do Pará. Isso é o que já vem ocorrendo em vários estados. Na semana passada o Ibama embargou toda a atividade das serrarias no Acre, fiscalizando e reprimindo as propriedades rurais que teriam realizado desmatamento ilegal desde 2008. O processo, que começou no sul do Amazonas e em Rondônia, chega ainda com mais força ao Acre, onde 221 fazendas de criação de gado tiveram suas atividades paralisadas e terão cinco dias para mostrar os documentos que comprovem a regularidade na supressão da floresta.
Os proprietários que já foram multados e que não recolheram o montante em razão do posterior cancelamento das multas, medida suspensa agora pelo governo federal, além de sofrer o embargo, poderão ter todo o gado confiscado. Novas medições serão feitas para comprovar se houve novo avanço da destruição da Floresta.
O Incra foi chamado a participar do processo e identificar, nos antigos projetos de assentamento, o proprietário original e toda a linha sucessória de vendas irregulares de áreas. É possível que todos os processos sejam anulados e o Incra recupere as áreas para novos assentamentos. O principal problema é que a maioria das propriedades já foi negociada mais de dez vezes, os proprietários originais não moram mais na região e abandonaram a atividade agrícola.
Propriedades em que só agora estão sendo identificadas as irregularidades, o embargo acontece, mas os proprietários poderão fazer a retirada do gado para outros locais, desde que estes estejam legalizados com a manutenção da reserva legal. Produtores rurais do município já se mobilizam sob o argumento de que 80% da produção pecuária do Estado estaria nas mãos de pequenos produtores, que seriam os mais prejudicados.
A ação do Ibama junto às fazendas com desmate ilegal começou pelos municípios do sul do Amazonas, que compõem o arco do desmatamento, Apuí, Canutama, Humaitá, Lábrea, Manicoré e Boca do Acre, com um total superior a 800 mil cabeças de gado. Também a Ponta do Abunã e outras áreas de Rondônia sofrem este bloqueio e, para a liberação, os fazendeiros devem mostrar os documentos que comprovem a normalidade da ação e da criação. Há expectativa de que a ação ocorra com maior rigor ainda no Sul do Pará.