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Carne Bovina

A Carne Bovina. As Exportações. A Desvalorização do Dólar e a Cautela

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Fundamentais para preservar a rentabilidade de grandes frigoríficos como JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3), as exportações brasileiras de carnes tendem a permanecer firmes nos próximos meses, mas a desvalorização do dólar, a inflação global e os riscos associados à gripe aviária alimentam uma dose maior de cautela no segmento.

De janeiro a maio, os embarques das proteínas continuaram a ser absorvidos sobretudo pela China, e houve aumentos de volumes e receitas nas operações de carnes de frango e suína. No caso da carne bovina, porém, os resultados foram negativos no período, e nos três casos a preocupação agora é com o comportamento dos preços de venda.

Carne bovina

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), as exportações de carne bovina do país somaram 840,4 mil toneladas nos primeiros cinco meses do ano, 8% menos que em igual intervalo de 2022. A receita caiu 24%, para US$ 3,8 bilhões, em meio a um recuo do preço médio dos cortes embarcados de US$ 5.593 para US$ 4.578 por tonelada.

Nessa frente, houve sinais concretos de melhora em maio, quando o volume exportado já foi 11,3% maior e a receita foi “apenas” 11,3% menor – os percentuais são mesmo iguais. Em boa medida, essa recuperação refletiu a retomada das importações da China após a suspensão do fluxo entre fevereiro e março por causa da descoberta de um caso atípico da doença da “vaca louca” no Brasil.

“Diminuiu a piora, e a tendência é de aumento de volumes e preços”, afirma Paulo Mustefaga, presidente da Abrafrigo. Para isso, pondera, será preciso que a recuperação da economia chinesa se solidifique, até para que a pressão dos importadores do país sobre os preços praticados, que está grande, arrefeça. De janeiro a maio, o preço médio dos embarques ao país asiático alcançou US$ 5.011 por tonelada, 24,5% menos que no mesmo período de 2022. As exportações à China somaram 381,4 mil toneladas e renderam US$ 1,9 bilhão no intervalo, com quedas de 13,3% e 34,6%, respectivamente.

Pesam favoravelmente para a melhora das exportações do Brasil, segundo Mustefaga, a redução da oferta de países concorrentes como Estados Unidos, Austrália, Argentina e Uruguai no mercado internacional. O presidente da Abrafrigo reforça que as exportações são vitais para que grandes frigoríficos garantam rentabilidade, e que para empresas que não exportam a fraca demanda no mercado doméstico continua a prejudicar os negócios.

Carne de frango

No caso das exportações de carne de frango, o fluxo teve queda em maio, quando os primeiros casos de influenza em aves silvestres foram identificados no país. Mas a indústria espera que a curva seja interrompida e que o segundo semestre seja de crescimento, como costuma acontecer por questões sazonais.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), no mês passado os embarques atingiram 433,3 mil toneladas, 0,9% mais que um ano antes, e renderam US$ 867,4 milhões, uma queda de 4,1% na mesma comparação. Ainda assim, de janeiro a maio foram 2,183 milhões de toneladas, ou US$ 4,281 bilhões – crescimentos de 9,7% e 13,4%, respectivamente.

A inflação global tem afetado os preços, mas Ricardo Santin, presidente da ABPA, acredita que, se a influenza permanecer sob controle com as ações de prevenção do governo e das empresas, o segundo semestre será forte. Mesmo que a doença seja registrada em granjas comerciais, ele afirma que as negociações para que os importadores aceitem o conceito de regionalização sanitária estão sendo bem-sucedidas e que os embarques não vão parar. Com a regionalização, áreas não afetadas pela doença podem continuar exportando. A expectativa é que isso prevaleça no caso de mercados importantes como a China, destino de 15% do volume vendido ao exterior de janeiro a maio.

Ele lembra que, afora os investimentos das empresas, o governo destinou recentemente, via Medida Provisória, R$ 200 milhões para ações de prevenção e controle da gripe aviária. Se houver algum caso em estabelecimento comercial, o local será isolado e, após as medidas cabíveis para a erradicação, será novamente liberado em um prazo de 21 dias.

“É claro que essa situação deixa os exportadores mais cautelosos. Nesse sentido, poderemos ter redução da produção, a exemplo do que acontece em concorrentes como EUA e União Europeia, que já registraram casos em granjas comerciais. Mas, se tudo permanecer sob controle, nossas exportações de carne de frango vão superar 5 milhões de toneladas em 2023”, diz Santin. Em 2022, o volume totalizou 4,8 milhões de toneladas.

Carne suína

No mercado de carne suína, as águas estão mais tranquilas para os exportadores. Os preços estão em alta e os resultados registrados nos primeiros meses do ano foram expressivos. De acordo com a ABPA, os embarques permaneceram firmes em maio e, nos cinco primeiros meses do ano, alcançaram 481,1 mil toneladas, 15,5% mais que no mesmo período de 2022. A receita cresceu 28,2%, para US$ 1,149 bilhão.

“Com a retomada da China, tivemos um aumento na média mensal de exportações, que passou de 93 mil toneladas, nos primeiros cinco meses de 2022, para 96 mil no mesmo período de 2023. E o preço médio aumentou de US$ 2,3 mil para US$ 2,47 mil por tonelada”, afirma Santin. Além da China, que absorveu 36,6% do volume total de embarques de janeiro a maio, a ABPA destaca o bom ritmo de vendas para países como Filipinas, Vietnã, México e Canadá. “A tendência para o segundo semestre é positiva, mas a preocupação dos importadores com a inflação pode ter reflexo nos preços médios de venda”, conclui Santin.

Câmbio e grãos

Além da queda do dólar, que é desfavorável aos exportadores em geral, os preços dos grãos também estão no radar, particularmente da indústria de aves e suínos. Mas, nesse caso, as curvas descendentes de milho e soja são favoráveis, já que reduzem custos e ampliam as margens de lucro.

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Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976