Não são só os desembargadores do Tribunal de Justiça do Pará que batem ponto na folha de pagamento do governo do Pará. A abrangência vai muito mais longe e atinge outras instituições, dentre elas a Justiça Federal. O Juiz Federal Antônio Carlos Almeida Campelo, também tem parentes no governo. Campelo, que foi afastado de suas funções pelo Conselho Nacional de Justiça, em dezembro do ano passado, emplacou dois filhos e a esposa, na Casa Civil da gestão Helder Barbalho.
No início do governo do filho de Jader Barbalho, em janeiro de 2019, Igor Alessio Torrinha Campelo, filho do juiz, foi nomeado para a Casa Civil, lá permanecendo até fevereiro de 2021. Outro filho do magistrado, Thales Torrinha Campelo, também foi nomeado para a Casa Civil em fevereiro de 2019, um mês depois da nomeação de seu irmão, sendo exonerado apenas em 22 de janeiro de 2021, quando passou no concurso para agente da Polícia Civil de Florianópolis.
Em 22 de outubro de 2022, por meio da Portaria n.º 2.253/2020-CCG, a então noiva e hoje esposa de Antônio Carlos Campello, também ganhou um cargo na Casa Civil, com salário de R$ 4.903,45 (quatro mil, novecentos e três reais e quarenta e cinco centavos). Até sair da folha, Igor Campello recebia, como remuneração base o valor de R$ 5.107,87 (cinco mil, cento e sete reais e oitenta e sete centavos) com um acréscimo de R$ 669,17 (seiscentos e sessenta e nove reais e dezessete centavos) a título de auxílio alimentação/transporte. Karen Araújo Amaral, que hoje assina Karen Araújo Campelo, permanece até hoje na folha de pagamento da Casa Civil, recebendo atualmente R$ 5.418,29 (Cinco mil, quatrocentos e dezoito reais e vinte e nove centavos), acrescido de R$ 1.000,00, referente a auxílio alimentação/transporte.
Trocando em miúdos, os três membros da família chegaram a receber mensalmente, quando todos estavam lotados na Casa Civil, mais de R$ 15 mil reais, ou seja, quase R$ 200 mil reais por ano.
Antônio Carlos Campelo foi afastado de suas funções na 4ª Vara da Justiça Federal do Pará acusado de liberar madeira apreendida pela Polícia Federal. O CNJ abriu processo administrativo para investigar a conduta do magistrado em ao menos 11 decisões, incluindo revogação de prisões preventivas relacionadas a tráfico de drogas e a liberação de parte da carga de uma das maiores apreensões de madeiras pela Polícia Federal.
Segundo a ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora da reclamação disciplinar da Corregedora Nacional de Justiça, o magistrado modificou decisões que já tinham sido proferidas por colegas quando estava de férias ou quando substituía outro magistrado por curto período. Ela considerou que o caso “mais grave” envolve a liberação de parte dos cerca de 131 mil metros³ de madeira apreendidos pela Polícia Federal em dezembro de 2020 na divisa entre o Pará e Amazonas.