Parece até história de ficção, mas os relatos a seguir são reais e aconteceram em Campo Grande (MS), mais precisamente em uma empresa multinacional da capital. Farta de ter seus Yakults (leites fermentados) furtados na geladeira do trabalho, uma funcionária colocou em prática um plano maquiavélico para saber quem estava tomando sorrateiramente sua bebida todos os dias. Ela só não imaginava descobrir que seu chefe era o autor do delito.
A moradora de Campo Grande relata que jamais imaginou passar por semelhante situação na firma, uma multinacional de vendas de máquinas pesadas, já que três sócios permaneciam diariamente no local e, principalmente, pelo fato da corporação ser considerada “um lugar chique”. “Por se tratar de uma empresa grande, lá sempre passavam representantes de mercadorias de baixo custo e eu amava comprar o Yakult, comprava a cartela com 30 e deixava na geladeira. Só que meus Yakults começaram a acabar muito rápido e passei a ver os frascos vazios espalhados por todos os cantos“, recorda.
Armadilha com laxante – Até que, exausta de ter seu lanche consumido quase diariamente por algum colega desconhecido, a funcionária decidiu tomar uma providência. “Reclamei com RH e eles fizeram uma plaquinha repudiando pegar coisas da geladeira que não fossem suas”, relata. Só que o bendito cartaz não resultou em nada e os leites fermentados da colaboradora continuaram a sumir da geladeira, fazendo com que ela partisse para um plano mais eficaz. “Eu me cansei desses episódios, então comprei uma cartelinha de lactopurga e amassei beeeem. Coloquei nos primeiros frascos de Yakult e fechei da melhor maneira possível“, revela.
Em seguida, ela só esperou a “mágica” acontecer. “Pois bem, o desfecho foi um dos meus patrões, o mais enjoado, tendo diarreia durante todo o dia, sem poder sair do escritório, das 10 da manhã até o final do expediente da tarde. Ele xingou geral, depois disse que não era mais adequado comprar coisas de representantes porque vinham estragadas”, relembra a responsável pela armadilha.
Segredo de estado – Depois que descobriu quem era o autor da infração corporativa, a funcionária se viu obrigada a ficar calada para manter o emprego e jamais contou para alguém que foi ela quem causou a diarreia no patrão, muito menos que era ele quem furtava seus laticínios da geladeira. “Só quando eu pedi as contas revelei que fui eu quem fiz a armadilha. Eu era boazinha, tímida e jamais fui suspeita de aprontar algo”, conclui a moradora de Campo Grande, que prefere não se identificar.
Por mais difíceis de acreditar, essas histórias representam uma realidade já corriqueira em ambientes corporativos e expõem os maus modos institucionalizados que certos colegas de trabalho, ou até chefes, têm na vida cotidiana e aplicam, sem muitos pudores, nos lugares onde trabalham. E, embora seja comum em qualquer empresa, o furto de alimentos de outros funcionários pode ser enquadrado como ato de improbidade – ação desonesta do empregado, revelando abuso de confiança, fraude ou má fé – e lesão à honra e à boa fama, ambos passíveis de demissão por justa causa.