Uma ação da PF, realizada na quinta-feira,11, balançou as estruturas do empresariado paraense que reside em condomínios de luxo na grande Belém. A maior movimentação de agentes foi verificada no Cidade Jardim I.
A Operação Mercador Fenício, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Receita Federal em sete estados e no Distrito Federal, cumpriu oito mandados de busca e apreensão no Pará. As investigações miram associações criminosas ligadas ao contrabando e lavagem de dinheiro, e que movimentaram em torno de R$ 600 milhões entre 2016 e 2020.
Na operação foram apreendidos aparelhos celulares, HDs, pen drivers e documentos de investigados com mandados expedidos pela Justiça Federal, que estariam ligados a “sistema financeiro paralelo” para lavagem de dinheiro, usando empresas de fachada e “laranjas”.
A PF informou que recursos financeiros eram dispersos por várias contas bancárias em nome de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo. A investigação teve origem na Paraíba, onde empresas faziam pedido por contrabando de cigarros, bebidas alcoólicas e mercadorias falsificadas dos países de Trinidad e Tobago, Suriname e Guiana Inglesa.
No Pará, há pelo menos dois grupos organizados que seriam responsáveis pela internalização das mercadorias, de forma clandestina, em pontos da costa dos estados do Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Em seguida, empresas varejistas e atacadistas de diversos estados eram abastecidas com as mercadorias, que por serem fruto de contrabando e descaminho, não eram submetidas à inspeção da Receita Federal, nem recebiam autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem comercializadas no Brasil.
De acordo com a PF, a organização criminosa investigada é dividida em núcleos: fornecedores, barqueiros, distribuidores, transportadores rodoviários, atacadistas e varejistas.
Foram expedidos 51 mandados de busca e apreensão e 4 mandados de prisão preventiva, além do bloqueio de valores em torno de R$ 713 milhões. A operação cumpriu mandados nos municípios paraibanos de João Pessoa, Cajazeiras, Sousa, Catolé do Rocha, Patos e Sumé. E também nos estados de Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. De acordo com o delegado, os mandados de prisão são contra “as principais lideranças” da organização.