Redes Sociais

Garimpo

O Amapá. O Ouro. O Garimpo Ilegal. A Amazônia. A Árvore Mais Alta e a Proximidade 

Publicado

em

Imagens de satélite divulgadas pelo Ministério Público do Amapá mostram que um garimpo ilegal de ouro está a apenas um quilômetro da segunda árvore mais alta da Amazônia, um Angelim-vermelho de 85 metros de altura. A árvore foi apontada como 2ª mais alta da Amazônia por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em levantamentos de 2018 e 2019, em um santuário de árvores gigantes na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, em Porto Grande. A árvore mais alta tem 88,5 metros.

Em outubro do ano passado, a Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público do Amapá recomendou que a Secretaria de Meio Ambiente do Amapá (Sema) monitorasse a região por conta do perigo dos garimpos para o santuário das árvores gigantes. Foi solicitado ainda que a secretaria criasse mecanismos de proteção no raio de um quilômetro ao redor de cada árvore gigante. “[Que a Sema] Declare como área de preservação permanente o raio de um quilômetro a partir da localização de cada uma das espécies tornadas imunes a corte, derrubada ou qualquer outra exploração econômica. A necessidade de proteção dessas áreas e de sua área de entorno em razão de sua raridade, beleza e importância para a biodiversidade amazônica”, disse na recomendação o promotor Marcelo Moreira, da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Conflitos Agrários.

A região abriga pelo menos três grandes garimpos ilegais. No dia 11 de fevereiro deste ano, a barragem de um desses garimpos se rompeu, provocando a liberação de rejeitos de minério no rio Cupixi e graves problemas ambientais na região. Segundo o MP, as primeiras informações oficiais sobre a presença de garimpeiros e a extração ilegal de ouro na região são de fevereiro de 2022. As árvores na reserva de desenvolvimento sustentável foram localizadas em 2021 por pesquisadores. O Angelim-vermelho encontrado na reserva é a maior árvore do Amapá e mede de 85,44 metros de altura, o dobro da média das árvores na Amazônia – que varia 40 e 50 metros de altura.

Para o pesquisador Eric Bastos Gorgens, do departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), que participou do projeto que identificou a existência das árvores gigantes no Amapá e Pará, a situação é preocupante. O cientista descreveu que, por não passar por processo de licenciamento, os garimpos ilegais não avaliam os riscos que levam ao meio ambiente. “O garimpo ilegal é uma ameaça ao nosso patrimônio natural. Quando a gente faz uma intervenção não planejada, não licenciada, a gente nunca tem certeza se os cuidados, sejam eles ambientais ou sociais, estão sendo seguidos”, disse o pesquisador.

Gorgens destacou ainda que o processo de retirada da vegetação sem os devidos estudos, compromete um patrimônio que é de todos os brasileiros. Descreveu ainda que o principal mecanismo de proteção são as unidades de conservação. “Você vai ter duas grandes categorias, que são as unidades de proteção integral, onde a gente não pode executar nenhuma atividade nessas áreas de exploração. E nós temos as unidades de conservação de uso sustentável, que são unidades que permitem uma exploração mediante um plano de manejo devidamente aprovado”, explicou o pesquisador.

Gigantes da Amazônia – Os angelins-vermelhos foram detectados inicialmente em 2018 durante uma pesquisa com sensores aeroembarcados do Inpe com a UFVJM. Em 2019, pesquisadores realizaram a primeira expedição até o santuário, onde existe a maior árvore, com 88,5 metros de altura (equivalente a um prédio de 30 andares). Os pesquisadores consideram gigantes as árvores que têm mais de 80 metros na região, ou seja, o dobro do dossel da floresta. A diferença na média de altura é estudada pelos pesquisadores que compõem o projeto Monitoramento Integrado das Árvores Gigantes da Amazônia, coordenado pelo Instituto Federal do Amapá (Ifap), em Laranjal do Jari.

Todos os direitos reservados © 2022 O Antagônico - .As Notícias que a grande mídia paraense não publica.
Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976