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Naufrágio

O Arnaud Rodrigues. O Eterno Cego Jeremias. O Lago. O Barco. O Naufrágio e a Morte

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O Antagônico relembra hoje a trajetória do ator e cantor Arnaud Rodrigues, o inesquecível “Cego Jeremias”, da novela Roque Santeiro, que morreu em fevereiro de 2010, em um naufrágio no lago de Lajeado, a 26 quilômetros de Palmas, capital do Tocantins.  Antônio Arnaud Rodrigues , nasceu em Serra Talhada no dia 6 de dezembro de 1942. Ele foi ator, cantor, compositor, roteirista, produtor, empresário e humorista. Artista multifacetado, destacou-se em diferentes áreas do entretenimento, sobretudo no ramo da comédia. Arnaud foi um dos grandes nomes da TV Tupi, tendo produzido e atuado em diversos shows da emissora, além de ter trazido vários artistas para a televisão, incluindo Dedé Santana.

 Trabalhou nos programas de Chico Anysio na TV Globo e em vários outros programas humorísticos, tanto como ator quanto como redator. Na década de 1970 formou com Chico Anysio e o instrumentista Renato Piau o grupo musical Baiano & os Novos Caetanos, no qual interpretava o cantor Paulinho Cabeça de Profeta. A iniciativa rendeu quatro discos de estúdio, Bahiano & Os Novos Caetanos I e II, A volta e Sudameris, alavancando também a carreira de músico de Arnaud, que acabaria lançando mais alguns álbuns solo. Em 1978, Arnaud Rodrigues gravou a faixa “A Carta de Pero Vaz de Caminha”, integrada no disco Redescobrimento, o primeiro roots reggae gravado no Brasil.

Arnaud Rodrigues é também creditado como um dos precursores do rap brasileiro. A sua faixa “Melô do Tagarela”, que foi lançada em compacto pela RCA em 1979 e cantada e falada por Luiz Carlos Miéle, sob uma sampleiada de Rapper’s Delight, do grupo americano Sugarhill Gang, foi a primeira versão de um rap gravado no Brasil. Na teledramaturgia teve alguns trabalhos marcantes, como o Cego Jeremias, cantor ambulante da versão de 1985 da novela Roque Santeiro, além do imigrante nordestino Soró, personagem ingênuo e bem-humorado criado pelo escritor Walter Negrão para a novela Pão Pão, Beijo Beijo. Soró fez tanto sucesso entre o público que Arnaud voltaria a interpretá-lo no filme Os Trapalhões e o Mágico de Oróz.

Na década de 1980 integrou o grupo de humoristas do programa A Praça é Nossa sob o comando do veterano Carlos Alberto de Nóbrega, onde interpretou personagens como “O Povo Brasileiro” (sempre pobre e cansado), o mulherengo “Coronel Totonho”, e o cantor sertanejo “Chitãoró” (uma sátira à dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó), no quadro “Chitãoró e Xorãozinho” onde atuava ao lado do comediante (e posteriormente diretor da Praça) Marcelo de Nóbrega.

Morte no barco – Em 1999, após realizar dois shows na cidade de Palmas, decidiu se mudar com a família para o Tocantins, onde assumiu a função de dirigente do Palmas Futebol e Regatas. Em 2004 deixou a Praça para se dedicar a seus shows solo e ao futebol, mas em 2010 planejava seu retorno ao elenco do humorístico, além da produção de um programa de variedades em um canal de televisão Tocantins.

No dia 16 de fevereiro de 2010, Arnaud estava com mais dez pessoas em um barco no lago da Usina de Lajeado, a 26 quilômetros de Palmas, quando, por volta das 17h30, a embarcação virou devido a uma forte chuva com ventania característica da região nessa época do ano. Nove ocupantes do barco (entre eles a esposa do humorista e dois de seus netos) foram resgatados por moradores da região, mas o corpo de Arnaud só seria encontrado pelos bombeiros horas mais tarde, enquanto o piloto do barco permanecia desaparecido. Apesar de saber nadar, o longo tempo de permanência na água, provavelmente tornou fatal o ocorrido.

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Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976