A Corte Suprema do Irã confirmou a condenação à morte do famoso rapper Amir Tataloo, acusado de “blasfêmia”, anunciou neste sábado (17) o porta-voz da Justiça no país, Asghar Jahangir. O cantor, de 37 anos, foi extraditado da Turquia em dezembro de 2023. O rapper foi inicialmente condenado a cinco anos de prisão por acusações que incluíam blasfêmia, mas a Corte Suprema do Irã anulou a sentença e encaminhou o caso a outro tribunal, que o sentenciou à pena de morte. A sentença foi confirmada pela Corte Suprema nos últimos dias e está pronta para ser executada”, afirmou neste sábado (17) o porta-voz do Judiciário, Asghar Jahangir, em entrevista coletiva.
Segundo ele, o advogado do artista apresentou dois pedidos: a realização de um novo julgamento e a concessão deperdão. “Esses pedidos estão em análise”, acrescentou. Tataloo foi um dos pioneiros do rap no Irã, iniciando sua carreira no início dos anos 2000. Sem conseguir obter licença oficial para atuar como músico no país, ele se mudou para Istambul, na Turquia, em 2018.
Em dezembro de 2023, a justiça iraniana anunciou que o artista havia sido entregue ao Irã pelas autoridades turcas, que aceitaram um pedido feito por um tribunal revolucionário de Teerã. O julgamento começou em março de 2024. As acusações incluíam “incentivar a juventude à prostituição”, “fazer propaganda contra a República Islâmica” e “divulgar conteúdo obsceno por meio de clipes e músicas”. Antes de deixar o Irã, Tatalou — conhecido por seu corpo coberto de tatuagens — já havia sido preso diversas vezes.
Perseguição de artistas – Nos últimos anos, diversos artistas iranianos foramcondenados ou perseguidos judicialmente por expressarem opiniões críticas ao regime ou por produzirem obras consideradas “imorais” pelas autoridades. Em abril de 2023, o cantor de rap Toomaj Salehi foi condenado à pena de morte por “propaganda contra o regime” após apoiar os protestos que tomaram conta do país, depois da morte de Jina Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos, que estava sob custódia da polícia da moralidade iraniana.
A sentença foi anulada em junho de 2024 e Salehi foi libertado em dezembro. Em fevereiro de 2025, ele voltou a ser julgado. Salehi diz ter sido torturado na prisão, ao ponto de sofrer fraturas. Ele também ficou nove meses na solitária. Mais recentente, em Janeiro de 2024, o cantor Mehdi Yarrahi foi condenado a quase três anos de prisão por criticar a obrigatoriedade do véu e recebeu 74 chicotadas enquanto estava em prisão domiciliar.