Em 2017, uma acusação de assédio sexual pôs fim a carreira de um dos maiores galãs da televisão brasileira, o ator José Mayer. Em março daquele ano, a figurinista Susllem Tonani denunciou em um blog que fora assediada sexualmente por Mayer. No texto, narrou uma série de episódios em que teria sido constrangida sexualmente pelo ator.
“Em fevereiro de 2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha b… e ainda disse esse era seu desejo antigo”, escreveu a figurinista. O caso causou grande impacto e mobilizou uma campanha contra o assédio no Brasil.
À época, a atriz Camila Pitanga também denunciou que o ator a assediou durante as gravações da novela Mulheres Apaixonadas, em 2003, em que eles faziam par romântico. Segundo Camila, foi ela quem incentivou a figurinista Su Tonani a denunciar o assédio sexual que sofreu. Nas redes sociais, diversas atrizes declararam apoio à figurinista e criaram a campanha “Mexeu com uma, Mexeu com todas”.
A atriz Letícia Sabatella revelou que também passou por uma experiência de assédio por parte de José Mayer, similar à que foi denunciada pela figurinista. Após a denúncia, Letícia expressou apoio à vítima e compartilhou a experiência, afirmando que “senti o que ela sentiu”.
“José Mayer não se emenda”, escreveu a atriz, à época, em suas redes sociais.
Após a repercussão do caso, dois anos depois a Globo encerrou o contrato com Mayer. Desde então, Mayer vive em Itaipava, na Região Serrana do Rio de Janeiro, com Vera Fajardo, com quem é casado.
Meses depois, o ator publicou uma carta na qual diz que errou e se desculpou publicamente com a figurinista e reconheceu a sua conduta como uma “brincadeira de cunho machista”. Também disse que não tinha a intenção de ofender a profissional e que é responsável pelos erros que comete. É claro que pegou muito mal na internet. Leia abaixo o teor da carta na íntegra:
“Eu errei.
Errei no que fiz, no que falei, e no que pensava.
A atitude correta é pedir desculpas. Mas isso só não basta. É preciso um reconhecimento público que faço agora.
Mesmo não tendo tido a intenção de ofender, agredir ou desrespeitar, admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas. Sou responsável pelo que faço.
Tenho amigas, tenho mulher e filha, e asseguro que de forma alguma tenho a intenção de tratar qualquer mulher com desrespeito; não me sinto superior a ninguém, não sou.
Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são.
Aprendi nos últimos dias o que levei 60 anos sem aprender. O mundo mudou. E isso é bom. Eu preciso e quero mudar junto com ele.
Este é o meu exercício. Este é o meu compromisso. Isso é o que eu aprendi.
A única coisa que posso pedir a Susllen, às minhas colegas e a toda a sociedade é o entendimento deste meu movimento de mudança.
Espero que este meu reconhecimento público sirva para alertar a tantas pessoas da mesma geração que eu, aos que pensavam da mesma forma que eu, aos que agiam da mesma forma que eu, que os leve a refletir e os incentive também a mudar.
Eu estou vivendo a dolorosa necessidade desta mudança. Dolorosa, mas necessária.
O que posso assegurar é que o José Mayer, homem, ator, pai, filho, marido, colega que surge hoje é, sem dúvida, muito melhor.
José Mayer”