Olha só essa história ocorrida no Acre: A Polícia Civil desvendou um crime cometido por Francisco Emerson da Silva Cruz, de 26 anos, no início do ano passado em Manoel Urbano, no interior do Acre. O jovem foi dado como morto em janeiro após testemunhas informarem que ele havia caído no rio ao tentar tirar uma selfie. À polícia, na época, as testemunhas contaram que Francisco Emerson e um irmão, que mora no interior do Amazonas, tinham ido até Sena Madureira tratar da compra de um terreno e no mesmo dia foram a Manoel Urbano para tentar negociar gado.
Uma testemunha, que era amiga de Francisco e preferiu não se identificar, conta que eles saíram de Rio Branco, passaram o dia em Sena Madureira tentando negociar a compra de uma casa e depois foram até Manoel Urbano para encontrar um rapaz que estava negociando a venda de gado com a vítima.
“Ele tinha planos de comprar terra porque ele trabalhava com gado. Então, a gente foi pra Sena e ele não conseguiu falar com a mulher, então decidiu ver um gado em Manoel Urbano, mas o cara não apareceu também. Outra coisa é que ele tava bem ruim, estava tomando remédio, não sabemos se estava com Covid ou gripado, mas ele estava reclamando também de enjoo”, contou na época.
Quando já retornavam para Rio Branco, por volta das 19h, ela contou que Francisco disse que queria tirar fotos em cima da ponte, porque tinha feito algumas no mesmo local há um tempo. “Como ele tava ruim, ele quis descer um pouco do carro e andar. Ficamos andando até o enjoo passar e aí ele disse que tinha tirado uma foto na mesma ponte há uns anos. Tirou foto sentado no meio da via, com o irmão dele e aí disse queria tirar uma foto sentado na grade com o rio de fundo e o céu, tirou essa foto e aí decidiu tirar uma foto em pé. Ele então olhou para baixo, se desequilibrou e caiu”, dizia a versão da amiga.
Ela contou que ainda o alertou sobre o perigo de cair. “A gente não sabe se ele ficou tonto, ele apenas virou e caiu. Os ribeirinhos que estavam às margens do rio ouviram e viram a hora que ele caiu. Ainda procuramos, esperamos ele boiar e nada e foi aí que a gente decidiu ir até a delegacia de Manoel Urbano para pedir ajuda.” Desde então, a Polícia Civil deu início as investigações, mas a vítima, inclusive, já estava com a certidão de óbito. O Corpo de Bombeiros foi acionado e enviou mergulhadores, que vasculharam todo o local nas proximidades da ponte, sem encontrar o corpo.
Seguros de vida
“A notícia do suposto desaparecimento do homem foi amplamente divulgada em toda a imprensa do Acre. Passados alguns meses, o homem teve a seu favor uma certidão de óbito emitido pela Justiça do Acre, por meio de sentença judicial. A PC-AC descobriu que antes de simular a própria morte, Emerson tinha feito cinco seguros de vida, o que despertou a curiosidade da polícia. A delegada titular de Manoel Urbano, Jade Dene, após investigações descobriu que o homem está vivo, e morando em Boca do Acre, no interior do Amazonas, criando gado e já tinha, inclusive, recebido o dinheiro de um dos contratos de seguro de vida”, diz a nota enviada pela Polícia Civil.
Com base nos elementos de prova no inquérito, a delegada pediu a prisão do criminoso, que foi cumprida no último sábado (7). Os agentes da Delegacia da Capital e do Interior (DPCI) simularam ser fazendeiros para poder prender o estelionatário. Ele foi interrogado pela delegada Jade Dene na Delegacia Central de Flagrantes (Defla), em Rio Branco. Preso, o criminoso deverá passar pela audiência de custódia, ficando à disposição da Justiça. À polícia ele confirmou que fez tudo isso para ter acesso ao dinheiro do seguro.
“Para muitas pessoas e para a Justiça, Emerson está supostamente morto, pois tem a seu favor uma certidão de óbito, mas ele está vivo e conseguiu sacar o dinheiro do seguro, cometendo os crimes de falsidade ideológica, estelionato e crime contra a administração da Justiça, ao induzir o juiz ao erro”, destacou a delegada Jade Dene.