Redes Sociais

Reconstituição

O Ophir Loyola. O Paciente. O Rosto e a Reconstituição em 3D

Publicado

em

“Sinto vontade de conviver com a minha família, os meus amigos”. A afirmação é de Paulo Modesto, de 65 anos. Neste mês de dezembro, ele foi submetido, no Hospital Ophir Loyola (HOL), a uma cirurgia microvasculararizada, que lhe devolveu a estética facial e a funcionalidade do rosto. O procedimento médico utilizou peças em 3D para reconstruir parte da face e a mandíbula de Paulo, vítima de um câncer de cabeça e pescoço.

Paulo Modesto é mestre de obras, e perdeu parte da face após um procedimento cirúrgico para a remoção de um tumor. A equipe de cirurgia bucomaxilofacial do Hospital Ophir Loyola, utilizou uma tomografia computadorizada para fazer um planejamento cirúrgico 3D e gerar um protótipo 3D, em tamanho real da região afetada da face, com simulação virtual da operação.

O paciente recorda que são 21 anos de tratamento, sete cirurgias e recidivas, contudo a complicação ocorreu em razão da cirurgia de remoção do tumor da face, deixando uma deformidade no rosto dele e o osso da mandíbula exposto e sem vitalidade.

A situação do paciente se agravou e ele precisou aguardar até ter condições clínicas de passar por uma nova intervenção cirúrgica. Apesar da situação nada favorável, o paciente encontrava nos amigos e na família o apoio e as forças necessárias para seguir com o tratamento.

“Eu perguntava à minha mulher, será que vale à pena sobreviver? Mas ela dizia: ‘vale, sim, se você não sobreviver, o que vai ser de mim?’. Eu estava preocupado, com certeza. Quando fui para o bloco cirúrgico, eu me entreguei na mão de Deus. Senhor, faça comigo o que tem que fazer. Mas agora estou aqui, em recuperação. Antes da cirurgia, eu me sentia incapaz de sobreviver, como se eu já tivesse desistido da vida, me entregando. Depois da cirurgia o pensamento mudou, sinto aquela vontade de conviver com a minha família, com os meus amigos, voltar para casa”, contou o paciente.

A reconstrução, executada pelas equipes de cirurgia bucomaxilofacial e cirurgia plástica, foi realizada a partir do retalho da fíbula (osso longo da perna localizado na região da panturrilha) juntamente com veia e artéria. Isso permitiu reconstruir a parte óssea, o músculo, a pele e face de Paulo, ligando a artéria e veia da pele do retalho na veia e artéria do pescoço. A cirurgia teve caráter estético e funcional, pois após o acompanhamento fonoaudiológico pós-operatório o paciente voltará a manter uma alimentação via oral e não pela sonda.

Metodologia – De acordo com a equipe do Ophir Loyola, realizou-se um planejamento virtual 3D a partir da imagem do exame de tomografia computadorizada, seguido da confecção de guias cirúrgicos de corte com impressão tridimensional (dispositivos temporários que ajudam no posicionamento da mandíbula ou maxila durante um procedimento cirúrgico) para ajudar os cirurgiões a realizar cortes precisos.

Coordenador da cirurgia bucomaxilofacial do Ophir Loyola, Marcelo Carneiro explicou que a cirurgia iniciou com a remoção do osso necrótico e preparo do local para receber o retalho pelo cirurgião buco maxilo facial. “As guias impressas são instaladas no paciente para podermos realizar cortes precisos na região da mandíbula, onde ocorreu a ressecção do osso que estava sem vida. Utilizamos também outro guia para fazer a osteotomia da fíbula e ter o tamanho exato desse osso e inserimos na falha óssea da mandíbula, com isso obtemos um excelente resultado, mais rápido e preciso”.

“É um trabalho em conjunto, enquanto o cirurgião plástico, Dr. Rui Azevedo, fazia a remoção do retalho da fíbula junto com o osso, músculo e pele, eu ressecava o osso sem vida e preparava o local receptor. A sutura da artéria e da veia é realizada com um fio bem delicado que só pode ser visto com o microscópio, isso garante a vitalidade para os tecidos transplantados”, informou Marcelo Carneiro.

Cirurgia bucomaxilofacial – É uma especialidade da odontologia responsável por tratar as sequelas da radioterapia, quimioterapia, assim como de procedimentos cirúrgicos oncológicos na região da boca, dos maxilares e da face dos pacientes. Um paciente submetido a uma cirurgia de remoção de tumor na maxila, por exemplo, fica com uma comunicação direta da boca com o nariz, isso prejudica a fala e a alimentação. Com o procedimento microvascularizado de correção, os problemas são sanados.

“Existem casos de comunicação buco-sinusal em que não é indicada a cirurgia microvascular, então utilizamos prótese obturadora para que esse paciente volte a se alimentar e a falar de uma forma mais satisfatória. Muitos ficam reclusos e não querem sair de casa para evitar olhares curiosos ou se sentirem constrangidos quando o alimento sai pelo nariz. Não conseguem conversar, a voz sai anasalada e fica de difícil entendimento. As cirurgias ou reabilitação com próteses conseguem devolver não somente a estética, mas também a funcionalidade para que essas pessoas retornem ao convívio social e consigam viver com dignidade e qualidade de vida”, informou o cirurgião bucomaxilofacial.

Para o trabalhador Paulo Modesto, a dignidade passa, entre outras coisas favoritas, por poder degustar alimentos e voltar a fazer passeios em família. “Quando sair daqui, quero comer um peixe assado com açaí… Sei lá, ir à praia com a minha família, como eu sempre fazia. Além disso, ir para o trabalho, porque eu estou afastado, mas a empresa me paga. Então, no momento, eu tô muito feliz. Todo mundo chega comigo e comenta que a minha recuperação tá ótima, tá boa. Isso me dá força. A cirurgia foi como viver de novo, uma nova oportunidade que Deus me deu”, afirmou ele.

Todos os direitos reservados © 2022 O Antagônico - .As Notícias que a grande mídia paraense não publica.
Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976