Pousou no aeroporto de Manaus, por volta das 18h desta sexta-feira (24), o primeiro voo com deportados dos Estados Unidos para o Brasil desde a posse de Donald Trump. Trata-se do primeiro voo deportados com destino ao Brasil desde a posse do novo presidente, mas há a possibilidade de que alguns deles tenham sido detidos ainda na gestão Biden, que chegou ao fim na última segunda-feira (20).
A aeronave, com 158 pessoas a bordo, tinha Belo Horizonte como destino final, mas precisou passar por manutenção, cancelando a decolagem para Minas Gerais. A PF não informou a nacionalidade dos ocupantes, mas, segundo apurado pelo g1 com o Itamaraty, 88 são brasileiros. A assessoria do aeroporto de Manaus confirmou que o voo fez a conexão na capital amazonense, mas não decolou novamente nesta sexta-feira.
Os passageiros estavam reclamando de calor na aeronave. Em resposta, a tripulação acionou a rampa inflável para desembarque, mas o equipamento leva um tempo para voltar ao normal e está em manutenção. Enquanto isso, os passageiros ficaram em uma área isolada no aeroporto, sendo acompanhados por um delegado da Polícia Federal.
Entre a noite de quinta (23) e a manhã desta sexta (24), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, utilizou uma rede social para anunciar que 538 imigrantes ilegais, de diferentes origens, já foram presos desde a posse de Trump — incluindo um suspeito de terrorismo, quatro integrantes da gangue Tren de Aragua e outros indivíduos condenados por crimes sexuais contra menores.
Ela disse, ainda, que “centenas de imigrantes ilegais já foram deportados em aeronaves militares”, marcando o início do que ela chamou de “a maior operação de deportação em massa da história”. “Promessas feitas. Promessas cumpridas”, escreveu Leavitt, destacando que os voos de deportação já começaram. O anúncio reforça a política anti-imigração prometida pela nova gestão de Trump. A porta-voz publicou, junto com as declarações, fotos de deportados embarcando em um avião militar.
Novas regras – Ao tomar posse para um novo mandato na última segunda-feira (20), o presidente americano Donald Trump anunciou uma série de medidas adicionais para restringir a admissão de imigrantes. O texto divulgado pela Casa Branca com as prioridades do mandato cita “medidas ousadas para proteger nossa fronteira e as comunidades americanas”. Entre as ações elencadas, estão:
- o restabelecimento da política “Permaneça no México”;
a retomada da construção do muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México;
a punição com pena de morte para imigrantes ilegais que assassinarem americanos;
o fim do asilo a quem cruza a fronteira ilegalmente;
uma grande operação de deportação de imigrantes ilegais;
o envio das Forças Armadas, incluindo a Guarda Nacional, para a área da fronteira;
e a classificação de cartéis de drogas como “organizações terroristas estrangeiras”, evocando a a Lei dos Inimigos Estrangeiros, de 1798.
Trump também declarou “emergência” na fronteira entre EUA e México, o que significa a autorização do envio de militares à região.
Ainda no primeiro dia de mandato, Trump revogou cerca de 80 decretos do governo de seu antecessor, Joe Biden, referentes ao tema da imigração. Entre os decretos revogados está o que permitia a reunificação de famílias de imigrantes separadas na fronteira. O republicano também retirou o direito automático à cidadania concedido àqueles nascidos em território norte-americano. E anunciou a suspensão da concessão de refúgios por ao menos quatro meses, além da revisão do sistema para análise desses pedidos.