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Gonzaguinha. A Voz Estridente. O Combate à Ditadura. O Acidente de Carro. A Morte aos 45 Anos 

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Há 34 anos atrás, em abril de 1991, falecia, em um grave acidente de carro, o cantor Gonzaguinha, filho do rei do Baião, Luis Gonzaga. Registrado como Luis Gonzaga do Nascimento Júnior, ou simplesmente Gonzaguinha, morreu aos 45 anos. Ao regressar de uma apresentação em Pato Branco, no Paraná, por uma rodovia no sudoeste daquele estado, colidiu seu Monza contra uma camionete Ford F-4000. O acidente ocorreu por volta de 7h20 da manhã entre as cidades de Renascença e Marmeleiro. Gonzaguinha seguia para Foz do Iguaçu, de onde seguiria de avião para Florianópolis, onde tinha um show agendado. No carro estavam também seu empresário e o dono de uma empresa de produções artísticas, que ficaram gravemente feridos.

Gonzaguinha era filho registrado, mas não biológico, do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga e de Odaleia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil. Compôs sua primeira canção “Lembranças da Primavera” aos 14 anos, e em 1961, com 16 anos, foi morar no bairro de Cocotá, na Ilha do Governador, com o pai para estudar. Mais tarde, estudou Economia na Universidade Candido Mendes.

Na casa do psiquiatra Aluízio Porto Carrero conheceu e se tornou amigo de Ivan Lins. Conheceu também a primeira mulher, Ângela, com quem teve 2 filhos: Daniel e Fernanda. Teve depois uma filha com a atriz Sandra Pêra, a atriz e cantora Amora Pêra. Foi nessa convivência na casa do psiquiatra, que fundou o Movimento Artístico Universitário (MAU), com Aldir Blanc, Ivan Lins, Marcio Proença, Paulo Emílio e César Costa Filho. Tal movimento teve importante papel na música popular do Brasil nos anos 70 e em 1971 resultou no programa na TV Globo Som Livre Exportação.

Caracterizado por uma postura de crítica à ditadura, foi visado pelo DOPS, assim, das 72 canções mostradas a esse órgão, 54 foram censuradas, entre as quais o primeiro sucesso, Comportamento Geral. Neste início de carreira, a apresentação agressiva e pouco agradável aos olhos dos meios de comunicação valeu-lhe o apelido de “cantor rancor”, com canções ásperas, como Piada Infeliz e Erva.

Com o começo da abertura política, na segunda metade da década de 1970, começou a modificar o discurso e a compor canções de tom mais aprazível para o público da época, como: Recado, Começaria Tudo Outra Vez, Explode Coração, Espere por Mim Morena, Grito de Alerta, Sangrando, Eu Apenas Queria que Você Soubesse, Caminhos do Coração, O Que É o que É, Feliz, Mamão com Mel e Lindo Lago do Amor, também temas de reggae, como Nem o Pobre nem o Rei. Suas composições foram gravadas por muitos intérpretes da MPB, como Gal Costa, Maria Bethânia, Zizi Possi, Simone, Alcione, Elis Regina (Redescobrir ou Ciranda de Pedra), Fagner e Joanna. Dentre estas, destaca-se Simone com os grandes sucessos de Sangrando, Mulher E Daí e Começaria Tudo Outra Vez, Da Maior Liberdade, É, Petúnia Resedá.

Em 1975, dispensou os empresários e tornou-se um artista independente, o que o fez fundar em 1986 o selo Moleque, pelo qual chegou a gravar dois trabalhos. Nos últimos doze anos de vida, Gonzaguinha viveu em Belo Horizonte com a segunda mulher Louise Margarete Martins (Lelete) e a filha deles, a caçula Mariana.

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Jornalista responsável: Evandro Corrêa- DRT 1976