Em abril deste ano completou um ano o obituário que passou despercebido pela grande imprensa brasileira: A morte de Iara Jonas, a “mulher da mala”, ex-chefe de gabinete do senador Jader Barbalho. Em outubro de 2016, Iara Jonas ganhou as manchetes dos jornais de todo país ao ser citada pelo empresário e advogado Felipe Parente, delator da Operação Lava Jato, como a pessoa que recebeu mais de R$ 2 milhões de reais em dinheiro vivo, dinheiro que seria para Jader Barbalho. Parente anotava todas as entregas que fazia e todos os locais onde se encontrava com intermediários dos políticos. Nos depoimentos, ele citou nomes, lugares e circunstâncias em que fez as entregas, inclusive com nome de hotéis onde teria se hospedado nessas ocasiões.
Voltando aos dias atuais, no dia 23 de agosto último, a delegada da Policia Federal, Lorena Lima Nascimento, enviou ofício ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, solicitando, nova e última dilação de prazo, com vistas ao desfecho das investigações, em especial para conclusão da análise do Caso SIMBA 002-PF-007651-75 e para as tomadas de declarações dos senadores Jader Barbalho e Renan Calheiros.
Trata-se ainda do rumoroso inquérito instaurado para investigar os crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro, relacionados aos fatos envolvendo pagamentos feitos a membros da cúpula do MDB do Senado Federal no esquema de contratações fraudulentas celebrados pela Transpetro, notadamente referentes às empresas Galvão Engenharia; o consórcio Estaleiro Atlântico Sul; Queiroz Galvão; Essencis; UTC Engenharia; GDK Engenharia; MPE Engenharia; SKANSKA Engenharia e Baruense Tecnologia e Teekay Norway; além das subsidiárias dessas sociedades empresariais.
Os fatos apurados no inquérito estão inseridos no contexto da investigação inicialmente conduzida nos autos do Inquérito nº 4215. Foram inicialmente investigados na apuração Renan Calheiros e Jader Barbalho. Posteriormente, em dezembro de 2021, o Ministro Relator, Edson Fachin, acolhendo manifestação ministerial, declarou extinta a punibilidade quanto a Jader, apenas e exclusivamente quanto aos fatos delituosos de corrupção passiva, ocorridos nos anos de 2004 a 2012, com consumação instantânea. Em fevereiro de 2022, Fachin deferiu autorização para o compartilhamento de dados e acesso integral aos autos da Ação Cautelar 4027, apensada ao INQ 4215, a fim de que possam ser utilizados para instruir o Inquérito nº 4833.
No Relatório Parcial da Polícia Judiciária, enviado pela delgada Lorena Nascimento ao ministro Edson Fachin, a delegada da PF afirma que, até o presente momento, as investigações não conseguiram avançar na coleta de indícios que pudessem estabelecer uma conexão entre o suposto “esquema de corrupção” existente na TRANSPETRO e os parlamentares Jader Barbalho e Renan Calheiros, para além dos depoimentos trazidos pelos colaboradores.
No entanto, no que concerne a doações realizadas de forma direta aos parlamentares investigados, o Relatório de Análise de Polícia Judiciária nº 103/2020 concluiu que não foram encontradas doações diretas feitas pelas empresas para os senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho (eleição de 2010 – para Senador).” Todavia, a maior parte da receita dos diretórios estaduais de Alagoas e Pará destinaram-se aos respectivos candidatos. Para Jader Barbalho o valor repassado representa entorno de 77% da receita total por doações da Direção Estadual – PMDB/PA. Já para Renan Calheiros esse valor é próximo de 82% da receita total por doação da Direção Estadual – PMDB/AL em doação direta para o então candidato, mas que somadas às doações para o comitê financeiro da candidatura para senador chega a valores próximos de 96% da receita total por doações do diretório estadual.
Na verdade, a depoente chave na investigação da PF, seria Iara Jonas, assessora de Jader Barbalho há mais de 22 anos. Ocorre que Iara faleceu no dia 21 de abril do ano passado, meses antes de prestar depoimento a PF. Trocando em miúdos, Iara levou para o além túmulo, sem qualquer alarde da imprensa, informações preciosas que poderiam nortear a investigação e complicar, e muito, a situação do senador Jader Barbalho. Pulou mais uma fogueira !!